Confira a programação 2015 de Blocos de Rua de BH
O que chamou a atenção na programação é o fato de que alguns dos blocos mais tradicionais da chamada 'retomada' do Carnaval de BH não aparecem na lista. Dos 164 grupos inscritos, apenas 127 tiveram seus trajetos detalhadas. O assessor especial para assuntos de carnaval da Belotur, Felipe Barreto, afirmou que a opção de não divulgar as informações partiu dos próprios blocos. "Esses grupos entendem que já existe um comparecimento espontâneo aos desfiles e a divulgação em massa não é necessária, inclusive por uma questão de segurança", disse. Barreto ainda afirmou que, entre blocos cadastrados e não cadastrados, a expectativa é que cerca de 200 grupos tomem as ruas da cidade.
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Já os representantes dos blocos argumentam que a opção de não participar da lista oficial parte de uma insegurança em relação à estrutura oferecida pela prefeitura. Rodrigo Magalhães, regente do Bloco Juventude Bronzeada, explica que o grupo já teve problemas com a realização de ensaios abertos neste ano, na Praça Floriano Peixoto, e ainda não sabe o que esperar do desfile. "No ano passado desfilamos com 500 pessoas. Este ano, só nos ensaios, recebemos 3 mil foliões. Nós não temos estrutura, nem financeira, nem profissional, para nos responsabilizarmos pelo número gigantesco de público que está se configurando", explica. "A prefeitura quer divulgar, quer que o carnaval da cidade cresça, mas não dá a estrutura necessária para isso", protesta.
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Rodrigo ainda lembra que o carnaval da cidade surgiu de forma independente e aberta, por isso o fato de não divulgar o trajeto na programação oficial tem se tornado uma discussão importante entre os organizadores dos blocos. "Isso é uma contradição gigantesca. Ao mesmo tempo que a gente quer construir um discurso de carnaval aberto, não temos como controlar e garantir a segurança de tanta gente", pondera.
O percussionista ainda pondera o fato de que o carnaval da cidade renasceu de uma tensão política, diretamente ligada às demandas de ocupação do espaço público. "Fazemos um carnaval da cidade e para a cidade. O turismo é apenas uma consequência. A festa é um instrumento de divulgação de uma série de reivindicações em relação à prefeitura. É para existir enquanto festa, mas não podemos deixar que o carnaval vire produto, com trio elétrico com abadá", diz Di Souza.
O músico Gustavito Amaral, que além de participar de várias baterias de blocos ainda é um dos responsáveis pelo Pena de Pavão de Krishna, compartilha da ideia da não mercantilização da festa. "A questão principal é que existe um movimento de carnaval feito pelo povo, espontaneamente, e a prefeitura tem a vontade de se apropriar disso. Os interesses da prefeitura são comerciais, e do outro lado estamos nós, que fazemos o carnaval na rua porque gostamos, sem objetivo de ganhar dinheiro com isso", afirma.
Quanto ao mistério do trajeto do PPK, Gustavito explica que não existe um movimento de esconder a saída do bloco. "Não divulgamos porque ainda não sabemos, estamos estudando onde vamos desfilar", conta. Mas o músico acredita que a divulgação boca-a-boca é mais objetiva e efetiva do que a da Belotur. "Justamente por aceitarmos todo mundo que chega, preferimos que as pessoas cheguem por outros meios, pelos seus amigos, por alguém que viu o desfile do ano passado e gostou. Até porque, o PPK tem um lado mais espiritual, canta músicas sagradas. É importante que quem esteja lá, entenda e entre nessa vibração ".
Vale reforçar que o Juventude Bronzeada, o Então, Brilha e o Pena de Pavão de Krishna pretendem divulgar seus trajetos em suas páginas e grupos nas redes sociais.
OUTRAS ATRAÇÕES
Além dos blocos de rua, a programação do carnaval ainda conta com atrações em 14 palcos espalhados por toda a cidade. Segundo Mauro Werkema, presidente da Belotur, a escolha das bandas e cantores que se apresentarão nesses palcos obedeceu o critério de valorização de artistas de Belo Horizonte. Dessa forma, nomes como Aline Calixto, Dudú Nicácio, Thiago Delegado, as bandas carnavalescas Chama o Síndico e Alcova e algumas baterias de escolas de samba locais comandam a festa.
Os desfiles de Blocos Caricatos e Escolas de Samba continua na Avenida Afonso Pena, nos dias 16 e 17 de fevereiro, a partir das 19h.
ÁGUA
Outra questão levantada durante a coletiva de divulgação do carnaval 2015 foi a preocupação com o abastecimento da cidade nos dias da folia. De acordo com a Belotur, a estimativa é que a cidade receba cerca de 1,5 milhões de pessoas. Com o cancelamento do carnaval das cidades do interior, esse número pode ser ainda maior. O órgão, no entanto, não soube informar se há perigo de falta de água na cidade por conta do fluxo de pessoas. "Não tivemos uma conversa formal com a Copasa. Faremos apenas uma campanha, com apelo de cidadania, para que os foliões economizem água durante a festa", disse o Presidente da Belotur Mauro Werkema.
A reportagem ainda espera um posicionamento da Copasa em relação ao abastecimento de Belo Horizonte no período do carnaval.
INVESTIMENTO E SEGURANÇA
A Belotur anunciou um investimento de R$5,5 milhões para a festa desse ano em Belo Horizonte, entre recursos próprios e de patrocinadores. Apesar do carnaval ter tomado uma proporção maior em 2015, o valor é o mesmo investido na folia do ano passado.
Já quesitos como segurança e limpeza pública tiveram seus planos reforçados. Além do contingente policial que estará nas ruas, o carnaval será monitorado, em tempo real, pelas mil câmeras do Centro de Operaçõe da Prefeitura de Belo Horizonte - COP -BH. A parceria com a SLU também foi afinada, e o número de banheiros químicos deve ser 125% maior do que o disponibilizado em 2014. Serão oferecidos 9 mil cabines por dia, sendo que os banheiros podem ser instalados em mais de um evento diário.
SANTA TEREZA
O horário do carnaval no Bairro Santa Tereza também foi assunto abordado durante a coletiva. De acordo com Mauro Werkema, a Belotur não conseguiu entrar em um acordo com a associação de moradores do bairro. Ainda segundo o presidente, a demanda está agora sob a responsabilidade do Ministério Público, que deve trabalhar para a elaboração de um Termo de Ajustamento de Conduta que definirá o horário limite para a festa na região.