Ontem, o último dia de Momo serviu para selar a paz entre o Bairro Santa Tereza, tradicional reduto da boemia, e foliões. A queda de braço de moradores e coordenadores de bloco que se arrastou pelos últimos meses – em função da falta de estrutura de 2013 –, acabou esvaziando a festa no bairro nos primeiros dias, mas o belo desfile do Bloco da Esquina, ontem, foi da grandeza que as históricas ruas merecem. Com direito a chuva (de mangueira), suor e cerveja, os moradores saudaram os cerca de 600 foliões, cantando e batucando músicas do Clube da Esquina – e o sol na cabeça.
Por fim, mesmo triplicando de tamanho, o carnaval belo-horizontino não perdeu seu caráter político – responsável, aliás, pelo ressurgimento da festa. Alguns grupos outsiders, formados por pessoas com forte sentimento de ruptura com o establishment e ligadas a movimentos de ocupação consciente do espaço público, fizeram algumas das festas mais emblemáticas. Caso do Pena de Pavão de Krishna, que misturou o afoxé com o hare-krishna, pintando de azul as vielas e becos da Região Oeste; do Filhos de Tcha Tcha, que neste ano marchou até a ocupação urbana Zilah Spósito, no limite da capital e Santa Luzia; e outros blocos menores, como o Tico Tico Serra Copo, que pelo sexto ano visitou os becos do Aglomerado da Serra; e do Unidos de Barro Preto, que fez tremer o Barro Preto com os tambores do maracatu.
Que o caráter festivo, cultural, familiar e democrático prevaleça no carnaval belo-horizontino nos próximos anos. Até 2015!