Organizadores do carnaval de BH chegam a colocar a mão no bolso para a folia acontecer

Alguns músicos ainda foram buscar experiência nos carnavais de Salvador e Recife, respectivamente

por Renan Damasceno 04/03/2014 07:49

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Renan Damasceno / Em / D.A Press
(foto: Renan Damasceno / Em / D.A Press)
Contrabaixo em corpo de cavaquinho, violão, violino, guitarra elétrica, guitarrinha, harmônio e sanfona. Tambor, alfaia, caixa, gonguê, abe, ganzá e tarol. Tamborim, repique, chocalho, cuíca, agogô, reco-reco e surdo são alguns dos instrumentos que listei ao visitar pouco mais de uma dezena de blocos desde sexta-feira. Se muitas vezes o compasso ou o som dos trios elétricos improvisados em kombis, pick-ups ou até bicicletas deixaram a desejar, é de se admirar o esforço hercúleo para executar ou manusear alguns desses instrumentos, que até há pouco tempo eram como dinossauros para os foliões mineiros. E não deve ser fácil, além de manter o ritmo, ter de abrir caminho no meio da multidão, ouvir as instruções e apitos, desviar de bebuns, além de não se distrair com a falta de tempo e ritmo da turma que chega em cima da hora apenas com pandeiro e boa vontade.


Mas manter o ritmo, acreditem, é uma das menores dificuldades para quem tem se dedicado a retirar o carnaval de Belo Horizonte do limbo. Para botar o bloco na rua, muitos organizadores tiveram antes de botar a mão no bolso. Há bloco que contratou maestro (Beijo Grego), que ensaiou por dois meses (Então Brilha!) ou que chegou a fazer curso intensivo direto na fonte, como o Baianas Ozadas e o Trovão das Minas, com músicos com alguma experiência nos carnavais de Salvador e Recife, respectivamente.


No sábado, o Então Brilha! desfilou pelas ruas da zona boêmia com quase 400 integrantes na bateria. O Baianas Ozadas, que saiu ontem pelo segundo ano seguido, reuniu 120 instrumentistas de roupa branca e turbante, batucando em homenagem ao centenário de Dorival Caymmi.


Os músicos e ritmos tradicionais do carnaval nordestino, como o maracatu e o axé, aliás, foram os preferidos dos blocos. Pouco depois da saída do Baianas, a Praça da Liberdade foi palco do Trovão das Minas, um grupo de maracatu do baque virado, com 15 potentes alfaias – aqueles tambores de madeira com uma membrana de couro, tocados com duas baquetas grossas.


No Barro Preto, a bateria do Unidos do Barro Preto, devidamente com o corpo coberto de lama escura, embalava pouco mais de 150 foliões com alfaias e abe, uma cabaça com missangas entrelaçadas. Já outros, como o Tambor Mineiro, no Prado, liderado pelo músico Maurício Tizumba, optaram por reforçar sambas de roda, sambas-enredo e clássicos da música mineira, esquecidas durante a folia. Mas é de se entender: são tantos ritmos e sons que, diante de tanto sincretismo e novidades, falar em uma “música mineira de carnaval” parece ser ainda um assunto para mais tarde. 



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