Há poucos anos era difícil imaginar que o carnaval de Belo Horizonte teria mais de 200 blocos de rua e 1 milhão de foliões, estimativa da Empresa Municipal de Turismo (Belotur) para este ano. Empolgados com o crescimento da festa, os blocos intensificam os ensaios, mas a ansiedade se mistura à apreensão. A um mês da folia, a prefeitura ainda estuda medidas para garantir um carnaval mais organizado do que em 2013. Falta decidir, por exemplo, a quantidade de banheiros químicos e as normas para o licenciamento de ambulantes. E a BHTrans ainda não definiu as mudanças no trânsito, mas avalia impor restrições ao acesso de carros no principal destino dos foliões: Bairro Santa Tereza.
O prazo para os blocos de rua se cadastrarem na Belotur terminou quinta-feira. Foram registrados 137, que informaram quando querem desfilar, percurso e estimativa de público. Do total, 74,45% pretendem desfilar nas regiões Centro-Sul (57) e Leste (45). Entre os bairros, Santa Tereza é o campeão, com 20. A Belotur acredita que cerca de 70 não formalizados também participem. “Pedimos cadastramento para proteger os blocos e apoiá-los. Alguns precisarão de banheiros químicos e da Polícia Militar”, explica o presidente da Belotur, Mauro Werkema.
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No dia 22, foi criada um comissão com representantes da prefeitura para coordenar o desfile de blocos e escolas de samba, que voltam para a Avenida Afonso Pena. Equipes ficarão de plantão 24 horas por dia durante o carnaval. Segundo a Belotur, a licitação para contratação de banheiros químicos ainda não foi aberta. Werkema estima que ao menos 750 sejam instalados durante o carnaval, contra 650 no ano passado, que foram insuficientes.
Moradores “O principal desafio é Santa Tereza. Oito blocos querem sair da Praça Duque de Caxias e estamos conversando com blocos e moradores para acertar o cronograma. A Associação Comunitária de Santa Tereza enviou à Belotur documento com reivindicações. Uma delas é para que seja permitida apenas a circulação de táxis, ônibus e veículos de moradores nas principais vias do bairro. “Santa Tereza tem ruas estreitas. Queremos que seja proibido estacionar no quadrilátero da praça e nos quarteirões vizinhos”, afirma o presidente da entidade, Ibiraci do Carmo. O documento solicita ainda que a folia ocorra entre as 10h e as 18h. Outra reivindicação é que não haja desfiles na quarta-feira de cinzas e na sexta-feira da paixão. A prefeitura estuda as solicitações.
“No ano passado, o crescimento do carnaval teve impacto muito negativo no bairro. Muitos moradores tiveram dificuldade para sair e chegar em casa e até estacionaram o carro fora do bairro e seguiram a pé. Agora tem morador que vai tirar a mãe de casa, com medo de que ela passe mal, precise ir para hospital e não tenha como sair do bairro”, diz Ibiraci. “A região virou um banheiro gigante. A sujeira foi um horror. Não víamos agentes da BHTrans para organizar o trânsito, nem policiais. Houve falta total de estrutura”, reclama.
Representantes dos blocos acreditam que a festa será mais organizada. “A cidade não estava preparada. Hoje existe uma preparação”, ressalta Humberto Mundim, puxador do Alcova Libertina, que se apresenta em Santa Tereza.
O Baianas Ozadas desfilou pela primeira vez em 2013, saindo da Praça da Liberdade, no Bairro Funcionários, com a última parada na Praça da Estação, no Centro. O bloco esperava entre 100 e 500 foliões em 2013, mas recebeu entre 8 mil e 10 mil. Neste ano, homenageará Dorival Caymmi. “Começamos a ensaiar em junho, uma vez por mês. Agora, passaremos a nos reunir aos sábados”, diz um dos líderes do grupo, George Cardoso. “Muita gente está cansada dos carnavais tradicionais, como em Salvador e Recife. O de BH tem clima familiar”, avalia.
Christiano de Souza é regente do Então Brilha!, que desfilou pela primeira vez em 2010, entre a Rua Guaicurus e a Praça da Estação, onde ocorrem os ensaios toda terça-feira. “Pode chegar quem quiser. Não fazemos seleção de quem quiser tocar, mas pedimos que arrume o próprio instrumento e pratique, para não virar uma bagunça”, explica.
A banda Chama o Síndico, fundada em 2012, ensaia uma vez por semana. No repertório, só músicas de Jorge Ben Jor e Tim Maia. O desfile sai da Praça da Praça da Liberdade e acaba sob o Viaduto de Santa Tereza. “O bloco teve mil pessoas em 2012 e 6 mil no ano seguinte”, afirma o folião Matheus Rocha.