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Estado de Minas DANÇA

Conheça o casal de bailarinos do Corpo que faz sucesso em aulas on-line

A carioca Mariana do Rosário e o cubano Elias Bouza não eram muito chegados à tecnologia, até que ela passou a ser uma ferramenta de contato com o público


07/11/2020 07:00 - atualizado 07/11/2020 11:43

Mariana é carioca. Elias é cubano. Ela pensava em ir para o exterior. Ele trocava constantemente de companhia de dança. Os dois se encontraram no Corpo. Estão casados há 11 anos e hoje se consideram mineiros de coração(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)
Mariana é carioca. Elias é cubano. Ela pensava em ir para o exterior. Ele trocava constantemente de companhia de dança. Os dois se encontraram no Corpo. Estão casados há 11 anos e hoje se consideram mineiros de coração (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)

Durante a pandemia do novo coronavírus, profissionais de saúde passaram a ser vistos pela população como heróis e heroínas no enfrentamento da crise sanitária. Mas o que acontece quando eles é que precisam de socorro? O Grupo Corpo procurou dar forças, por meio da dança, a quem esgotava suas energias cuidando de pessoas infectadas. 

Com a iniciativa Grupo Corpo de Plantão, que ofereceu aulas gratuitas via internet a profissionais da saúde, a rotina da carioca Mariana do Rosário e do cubano Elias Bouza (hoje mineiros de coração) começou a mudar. E sua relação com a tecnologia também. Neste sábado (7), os dois conduzem a segunda edição do workshop do Corpo voltado para público amplo, um desdobramento do Grupo Corpo de Plantão. 

“O retorno do pessoal da saúde era muito forte. Pessoas relatando que tinham chegado de um plantão de 36 horas, com perda de vários pacientes, mas que, graças à nossa aula, tinham força e ânimo para continuar”, comenta Mariana. 

As aulas específicas aos que estavam na linha de frente do combate à epidemia no Brasil começaram no mês de maio, quando a crise sanitária se agravava seriamente no país. “Começou como algo bem básico, de uma vontade de fazer alguma coisa por eles da saúde. Surgiu dessa inquietação de estar em casa e querer fazer algo mais além de estar em casa se protegendo”, diz a bailarina. 

Utilizando as trilhas de espetáculos do Corpo e, claro, de coreografias adaptadas para serem executadas até por quem nunca teve contato com a dança, os “aulões” virtuais evoluíram de formato e se tornaram mais abrangentes, com transmissões ao vivo feitas a partir da sede da companhia. Mariana conduziu o primeiro workshop aberto a todos os interessados, com a participação de Elias. 

“Deu muito certo, tivemos um retorno muito bom, com todo mundo feliz em ter feito. Trouxe um alívio para muita gente, inclusive quem não era da saúde, por proporcionar isso de mexer o corpo. Com essa nova rotina da pandemia, muita gente tem buscado isso, e percebemos que,  além de saúde, levamos também alegria para as pessoas”, afirma Mariana, de 37 anos. 
 

ACALENTO


Com o impacto causado pela pandemia no setor artístico, levando à suspensão de espetáculos e turnês, a atividade virtual representa um alento também para os artistas. “Sobre não estar em cena, no palco, as lives e os workshops aliviam, mas não é a mesma coisa. Tem sido um período complicado, mas isso tem ajudado a seguir em frente. Dá um acalento de estar produzindo, nesse momento tão delicado”, diz ela. 

Elias lembra que a longeva história do Corpo, que celebraria seus 45 anos neste 2020, e toda a sua estrutura, facilitam essa atuação virtual. “Imagina quem não tem isso, o pessoal do teatro, dos espetáculos mais informais. Para esse pessoal está muito mais difícil. Mas vamos por partes. Ver o retorno que tivemos desde o começo nos fortaleceu para continuar com esse trabalho, redescobrindo a forma de fazer arte”, diz ele. 

De hoje a segunda-feira (9), serão oferecidas três aulas virtuais no Workshop On-line gratuito do Corpo. Como na edição anterior, realizada em agosto, os professores reforçam o convite especialmente para quem ainda não se aventurou na dança.  

“Para quem não experimentou, experimente! Sábado (7) e domingo (8) as aulas serão logo pela manhã (às 11h). Já acorda, toma o café e começa. É dentro de casa, ninguém vai ver, ninguém vai apontar. Vale a pena testar,  independentemente de conseguir fazer, vai sentir alguma coisa diferente. Isso que a gente tenta proporcionar, um olhar diferente, um ânimo novo dentro dessa rotina de altos e baixos que todos estamos vivendo”, explica Mariana. 

“É tudo muito didático, muito bem explicado”, garante Elias sobre as aulas, que serão baseadas nas obras Gira (sábado), Parabelo (domingo) e Onqotô (segunda-feira). Para participar, é preciso se inscrever no site www.grupocorpoplay.com.br/workshop. Depois de realizar o cadastro, o participante recebe por e-mail o link para acompanhar as aulas.
 

REDES SOCIAIS


Casados há 11 anos e integrantes do Corpo desde antes disso, Mariana e Elias se dizem avessos à tecnologia. “Estamos aprendendo a lidar com as redes sociais”, ela comenta. Dar aulas, no entanto, não é uma novidade para eles. Expandir essas possibilidades por meio da internet tem sido uma experiência proveitosa para o casal. 

“É uma troca. Recebemos tanto carinho que, por mais que não sejamos tão digitais ou ativos nas redes sociais, o pessoal já conhece a gente, elogia, interage. Já conhecem até nossa filha, a Nina, de 3 anos”, diz a bailarina. 

Elias conta que, depois da primeira edição do workshop, que teve um público total de 6 mil pessoas, eles foram muito procurados em redes sociais por alunos que mostravam os movimentos aprendidos em aula. 

“Não temos muita experiência nas redes sociais e apareceram pessoas nos marcando nos stories, pedindo para curtirmos publicações. Então, acabamos aprendendo um pouco para interagir com eles. Tem sido muito bom”, diz o cubano, que chegou a BH nos anos 2000, depois de realizar um intercâmbio em São Paulo. 

Com origens diferentes, os dois se conheceram na capital mineira, que exigiu de ambos uma adequação de ritmo. “Hoje, do que eu mais gosto é essa coisa da calma. Quando cheguei, em 2005, detestei. Depois de morar no Rio e em São Paulo, achava tudo parado demais. Depois a gente vai se acostumando com o tempo para fazer as coisas, uma rotina mais tranquila, vai gostando e aí muda. Hoje, quando vou a São Paulo ou ao Rio, acho estranho”, diz Mariana. 

Ela começou no balé aos 6 anos, passou pela Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, no Rio, depois pelo Balé da Cidade de São Paulo, antes de se juntar ao Corpo. Ela revela que, por um momento, sua ideia era seguir para o exterior, e Elias aproveita para dizer que é ele o motivo de isso não ter acontecido.

“Ela quis ficar por minha causa”, brinca o bailarino, que se formou em Cuba antes de vir de vez para o Brasil, onde já atuou em outras companhias importantes, como a Cia de Dança Deborah Colker, no Rio. Apesar do chiste com a companheira, as idas e vindas dele entre o Corpo e outros grupos só pararam em 2009, quando se casou com Mariana. 

“Conheci essa belezura e, desde então, estou aqui”, afirma Elias, que se diz totalmente adaptado a BH, a não ser pela falta do mar. “Nunca tive dificuldade para me acostumar com um local. Desde cedo pensava que não iria ficar em Cuba, tinha essa vontade de sair, então sempre interiorizei esse pensamento. Mas lá eu morava a dois quarteirões do Malecón, a orla da Havana. Não precisava nem de ônibus para tomar banho no mar. Mas é só isso, gosto muito daqui de BH, especialmente da culinária, que é muito parecida com a cubana.”

Elias conta que, no começo, estranhou o jeito “desconfiado” do povo mineiro, mas logo se acostumou. “É um desconfiado do bem, apenas inicial. Logo te chamam para tomar um café em casa. E quando isso acontece é porque você se tornou parte da casa da pessoa”, observa. Se a percepção for certeira, é outro bom sinal para o casal, que já recebeu convites para um cafezinho por parte de alunos das aulas virtuais do Corpo.  

2º Workshop On-line com o Grupo Corpo
 Neste sábado (7), às 11h, aula prática inspirada em Gira. Domingo (8), às 11h, aula prática inspirada em Parabelo. Segunda (9), às 20h, aula especial + sequência inédita de Onqotô. Inscrições no site www.grupocorpoplay.com.br/workshop. Gratuito.


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