Não fosse a pandemia do novo coronavírus, o dia 10 de junho passado seria marcado pela abertura da exposição Björk digital em Belo Horizonte, no CCBB. Depois de passar por São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro - onde não completou sua estadia, interrompida pela crise sanitária -, a mostra permaneceria em cartaz por aproximadamente dois meses no centro cultural localizado na Praça da Liberdade.
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''Quando nos demos conta de que não haveria uma maneira segura de receber o público na exposição, começamos a pensar em soluções, e o catálogo surgiu como uma espécie de expansão do mundo que a Björk criou. Por isso não se trata de uma publicação tradicional. Ela traz novas informações, que permitem ao público compreender mais sobre os colaboradores que trabalham com a Björk'', afirma Jonathan Wells, diretor criativo da programação on-line.
Máscara
Outro item que será lançado para o público é um filtro de Instagram criado por James Merry, diretor criativo e braço direito de Björk, em parceria com as diretoras de criação Andrezza Valentin e Vivi Andrade. O filtro é inspirado na máscara utilizada pela cantora islandesa em apresentações ao vivo.
''A Björk está sempre cercada de artistas e criadores interessantes. Ela é uma pessoa muito atenta às inovações, e a exposição é a prova máxima disso. Esse material que proporciona uma imersão virtual no conteúdo da exposição se tornou uma oportunidade para o trabalho dela se conectar com artistas brasileiros'', comenta Jonathan.
Para completar a programação remota, Björk digital entra para o universo das lives na segunda quinzena deste mês (dias 17 e 18). Nos dois dias, convidados estrangeiros e brasileiros participam de um encontro virtual para celebrar o trabalho da islandesa.
No primeiro dia, James Merry conversa com o multiartista brasileiro Alma Negrot. Na sequência, Jesse Kanda, músico e diretor dos clipes Mouth mantra e Arisen my senses, realiza um DJ set que será antecedido por uma conversa com Linn da Quebrada.
No segundo dia, Andrew Thomas Huang, cocriador de Björk digital irá conversar com o jornalista Zeca Camargo, seguido de DJ set com participação da modelo e DJ Aisha Mbikila. Nos dois dias, a mediação dos bate-papos será feita pela atriz Bárbara Paz.
Somando passagens por Sydney, Tóquio, Barcelona, Cidade do México, Moscou, Montreal, Londres e Los Angeles, a exposição Björk digital desembarcou no Brasil em junho do ano passado, em São Paulo, no Museu da Imagem e do Som (MIS). De lá, seguiu para os CCBBs de Brasília e do Rio de Janeiro.
Concebida por Björk e James Merry,com produção do MIF (Manchester International Festival), a mostra destaca a relação da artista islandesa com a tecnologia em três partes.
A primeira é composta por quatro seções e traz os seis clipes em tecnologia imersiva das faixas do álbum Vulnicura: Stonemilker, Black lake, Mouth mantra, Quicksand, Family e Notget.
Educação
Na segunda, o público experimenta, com o uso de tablets, o projeto educativo Biophilia', realizado em colaboração com a Apple e homônimo ao disco da artista lançado em 2011. Ao final, uma sala de cinema exibe os videoclipes de toda a carreira da artista, até os mais recentes, do disco Utopia (2017).
Como a primeira parte da exposição faz uso de óculos de realidade virtual, a produtora Cinnamon, responsável pela itinerância da mostra pelos CCBBs, avaliou que seria impossível abri-la para o público, mesmo com o afrouxamento das regras de distanciamento social.
''Sem pandemia, essa já é uma exposição complicada, porque envolve uma equipe grande e o público a visita em grupos. Apesar da tecnologia, Björk digital é sobre interação'', afirma Lia Vissotto, diretora da Cinnamon.
Segundo ela, a própria Björk acompanhou de perto a decisão para lançar os conteúdos on-line. ''Em relação ao catálogo, ela aprovou todas as direções criativas. Em relação à máscara e às lives, ela teve mais confiança, já que essas são questões que foram pensadas por pessoas que já trabalham com ela.''
Questionada se a artista foi sondada para participar das lives, Lia conta que a possibilidade foi levantada, mas Björk está realizando a quarentena na Islândia, onde se preparava para voltar aos palcos ainda durante a pandemia. Marcados para o final de agosto, os shows anunciados foram adiados para o ano que vem, devido ao aumento de casos da COVID-19 no país nórdico.
A produtora também descarta a possibilidade de a exposição vir a ser aberta em Belo Horizonte num futuro próximo. ''Nós já devolvemos os materiais emprestados para a equipe internacional. Não dá para esperar uma vacina, por exemplo. O próprio CCBB tem uma rotatividade de exposições e quer dar oportunidade para outras mostras. Então, sim, a exposição está oficialmente cancelada.''
CATÁLOGO BJÖRK DIGITAL ON-LINE
Disponível a partir desta segunda-feira (5), no endereço www.cinnamon.com.br/bjorkdigital
LIVES CCBB EM CASA: IMERSÃO, ARTE E MÚSICA
- 17/10
18h – bate-papo James Merry com participação Alma Negrot - 18/10
18h – bate-papo Andrew Thomas Huang com participação de Zeca Camargo Mediação: Bárbara Paz