Murilo Melo Filho, integrante da Academia Brasileira de Letras (ABL), morreu na quarta-feira (27), aos 91 anos, no Rio de Janeiro. Com extensa carreira no jornalismo, Melo Filho foi eleito para a ABL em 1999. Ele teve falência múltipla dos órgãos quatro anos depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC).

Nascido na capital do Rio Grande do Norte, Melo Filho começou a trabalhar no Diário de Natal com apenas 12 anos, escrevendo comentários esportivos. Aos 18, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério da Marinha e em diversos jornais, incluindo o Correio da Noite, O Estado de S.Paulo e Tribuna da Imprensa, além da revista Manchete, veículo com o qual colaborou por 40 anos.

Nos anos 1950/1960, como diretor da Manchete, Melo Filho acompanhou de perto a construção e os primeiros anos de Brasília, onde ensinou jornalismo na UnB.

De Juscelino Kubitschek a José Sarney, o jornalista acompanhou viagens e entrevistou líderes políticos do país. Visitou os cinco continentes, participando da cobertura de alguns dos principais acontecimentos históricos da segunda metade do século 20. Cobriu a Guerra do Vietnã com o fotógrafo Gervásio Baptista, em 1967, e foi o primeiro jornalista brasileiro a cobrir a guerra do Camboja, ao lado do fotógrafo Antônio Rudge, em 1973.

Entre colaborações e artigos, seus textos figuram nos livros Cinco dias em junho (1967, com Arnaldo Niskier, Joel Silveira e Raimundo Magalhães) e O desafio brasileiro (1970), que vendeu 80 mil exemplares em 16 edições e lhe rendeu o Prêmio Alfred Jurzykowski, da ABL, como o melhor ensaio do ano.

Também escreveu O brasileiro Rui Barbosa (A União Editora, 2009) e Políticos ao entardecer (Editora Cultura, 2009). Melo Filho era membro do Conselho Administrativo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e da União Brasileira de Escritores (UBE), bem como oficial militar da reserva.