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Grupo Corpo inicia aulas para profissionais da saúde com Parabelo

De casa, Janaína e Edésio mostram sequências da aula - Foto: Youtube/Reprodução

Dá para dançar como o Grupo Corpo? Não, né? Mas dá para “se achar” dançando. Iniciativa criada pela companhia mineira para os profissionais da saúde envolvidos no combate ao coronavírus, as aulas de dança on-line com bailarinos do grupo que tiveram início na noite de sexta-feira (15) extrapolaram o projeto inicial.


 
Seriam apenas 100 participantes, mas a procura foi tanta que o projeto foi estendido. Aqueles que se cadastraram receberam um link para ter acesso à live pelo YouTube. Na estreia, 700 pessoas acompanharam a aula ministrada pela bailarina carioca Mariana do Rosário, 37 anos e 15 de Corpo.
 
Beliscões para “acordar” o corpo, alongamentos do pescoço e das mãos, respiração tranquila, o início foi fácil. Na medida em que a aula prosseguiu, os movimentos de dança tomaram conta da tela do computador. Sim, os movimentos dos quadris, a marca registrada do grupo, começaram a aparecer na aula. 
 
Mariana foi aos poucos. Movimentos de pé aqui, quadris para frente e para trás, uma voltinha aqui. Deu para fazer. Braços, cabeça, tudo acompanha. A cada lição, mais repetições com novos passos acrescidos a cada sequência. A tela do computador se dividiu e os bailarinos Janaína Castro e Edésio Nunes, cada um no seu quadrado, fizeram os mesmos movimentos que os “alunos”. Bem, até ali foi possível, não deu para fazer feio do lado de cá do computador.


 
A aula continuou e a música ao fundo anunciou. Parabelo (1997), um dos mais populares balés do Corpo, com a genial trilha de Tom Zé e José Miguel Wisnik, tomou conta do ambiente. Dali deu para perceber de onde vinham sequências que repetíamos naquela meia hora. A aula foi encerrada com a exibição de uma sequência deste espetáculo, suas cores, seus requebros e aquela música, Xiquexique, que faz a alma deixar o chão e ir longe.
 
Nos comentários, dava para ver que a plateia estava entre choros e risos. “Vocês me fazem acreditar na humanidade. Dancei, girei, descontraí e sorri com esperança”, agradeceu a pediatra neonatologista Flávia. “Há tempos não soltava meu corpo, fiquei emocionada com a disponibilidade e carinho de vocês”, disse a média Rachel, da Unicamp.
 
A aula foi ministrada da sede do Corpo, na Avenida Bandeirantes, nas Mangabeiras. Há quase dois meses Mariana não pisava ali. “A gente que faz balé a vida inteira, ainda mais a mulher, que começa muito cedo, sabe dar aula. Dou aulas esporadicamente, mas como não era uma aula para bailarinos, tive alguma dificuldade para me posicionar como professora e fazer o outro entender. Não é só uma questão de movimento. Além do mais, fazer on-line é muito doido, pois você dá aula sem ver ninguém, apenas imaginando como estão fazendo.”


 
Uma equipe do Corpo se envolveu na produção da iniciativa, que vai ocorrer sempre às sextas, às 18h e aos sábados, às 9h, com rodízio de bailarinos-professores. De acordo com Mariana, até o horário das lives foi pensado de acordo com os plantões dos profissionais. Neste sábado ela repetiu a aula, às 9h. “Tanto que quando acabou a aula, logo vieram os comentários ‘que bom terminar o plantão assim’”, conta a bailarina, que acredita que a iniciativa é “outra maneira de ser solidário”.