“Aguardamos o pagamento. A partir do momento em que nos colocam na programação da Virada, isso quer dizer que toda a parte de documentação (exigida) está correta. Queremos receber”, afirma o produtor João Maria Kaisen, de 28 anos, um dos fundadores da Academia TransLiterária. A Virada Cultural, por meio de sua assessoria de imprensa, confirma que o coletivo receberá o cachê, já que têm amparo no contrato, em caso de cancelamentos alheios à sua vontade.
Para a performance Coroação da Nossa Senhora das Travestis, que foi cancelada um dia antes do evento em decisão do prefeito Alexandre Kalil, atendendo a pedidos de entidades católicas que interpretaram a performance como um ato de blasfêmia e ofensa religiosa, o coletivo receberá R$ 3 mil, o cachê máximo previsto no edital da Virada para os artistas locais que se inscreveram para participar. Quinze artistas atuariam na performance.
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João Maria não foi à Virada. “A gente decidiu acatar (a decisão do cancelamento) pois sabe que isto veio do cenário político. Precisamos preservar nossas pessoas, ainda mais sabendo que Minas é o estado que mais mata pessoas trans no Brasil.
No próximo mês de agosto, a Academia TransLiterária dá início ao projeto Atenção, no Hospital Eduardo de Menezes. O projeto, aprovado pelo Fundo Municipal de Cultura (que destinou R$ 55 mil para sua realização), será realizado até novembro.
Serão ofertadas cinco bolsas para pacientes trans ou travestis que sejam soropositivos e estejam em tratamento naquela instituição médica. Os bolsistas, que receberão R$ 700 cada um, terão aulas de artes cênicas. No final do projeto será criada uma cena ou um espetáculo para ser apresentado em centros culturais ligados à PBH.