A quinta edição da Virada Cultural de Belo Horizonte foi marcada por conflitos. Primeiro, o prefeito Alexandre Kalil, decidiu suspender, de última hora, o espetáculo "Coroação de Nossa Senhora das Travestis", duramente criticado por grupos religiosos. Logo depois, integrantes da banda Attooxxá, uma das atrações de domingo, denunciaram mais uma polêmica: o quarto do hotel onde ficaram hospedados na capital trazia quadros com a temática escravocrata.
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Nesta segunda-feira (22), a banda gravou um novo vídeo, explicando que as imagens nos quadros realmente incomodaram a todos e que eles acreditam que, a essa altura, já devia haver uma conscientização maior a respeito do tema.
Nesta segunda-feira (22), a banda gravou um novo vídeo, explicando que as imagens nos quadros realmente incomodaram a todos e que eles acreditam que, a essa altura, já devia haver uma conscientização maior a respeito do tema.
"Por motivo de conscientização, a gente não vai passar pano em nada. Isso não é motivo de orgulho. Esse passado é uma coisa que a gente quer passar pra trás, porque, de fato, as pessoas têm que ter vergonha do nosso passado. É inadmissível a gente chegar em lugares que está havendo esse tipo de opressão. Preconceito, racismo, machismo, a gente tá aqui pra lutar contra todos esses tipos de preconceitos", disse Raoni, um dos integrantes da Attooxxá.
História infame
História infame
A equipe do Dayrell Hotel & Centro de Convenções, onde o grupo ficou hospedado, emitiu nota na manhã desta segunda-feira, dizendo lamentar que os hóspedes tenham se ofendido com as gravuras, "inspiradas na obra de Debret, originárias do antigo Hotel Del Rey". Ainda segundo o texto, "elas representam cenas de um Brasil colonial, com todas as características daquele tempo".
A nota diz também que, "por mais infame que seja essa parte da nossa história, não podemos esquecê-la, aliás, não devemos, pois é por meio da conscientização sobre erros do passado que confirmamos nossa determinação de criar um mundo melhor para nós e para nossos filhos".
Por fim, eles dizem estar à disposição para retirar as imagens sempre que elas causarem constrangimento ou desconforto a quaisquer pessoas, "bastando simples requisição".
No caso da banda Attooxxá, os integrantes disseram que tentaram falar com o gerente, mas ele não foi encontrado. Por isso, optaram por retirar as imagens e deixá-las no corredor. O hotel disse que nenhuma obra foi danificada.