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Hoje tem mais Virada Cultural em BH. Confira o que já rolou até agora e as atrações para o domingo

A apresentação de Marcelo Veronez e Odair José foi acompanhada por uma multidão - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press
Com as primeiras 12 horas de eventos e música de qualidade já vencidas, o coração de Belo Horizonte continua pulsando no ritmo da Virada Cultural neste domingo. Com a feira de arte e artesanato da Avenida Afonso Pena como atração paralela, a programação segue como principal opção para quem passa pelo hipercentro da cidade até as 19h de hoje. Se a primeira parte reuniu os sucessos de Daniela Mercury, Moraes Moreira e a união entre da banda Chama o Síndico e Fernanda Abreu como principais atrações, a etapa complementar conta com as participações do coletivo Lá da Favelinha e do rapper Djonga, ambas marcadas para a Praça da Estação, a partir das 15h30 e 19h, respectivamente.


No primeiro tempo da Virada, mesmo com o clima frio o público não deixou de aproveitar e ocupou os diversos cantos da cidade a partir do início da noite de sábado para curtir música, dança, cinema, para andar de bicicleta – e até mesmo para rezar, embora nesse caso o evento não constasse da programação oficial, antes pelo contrário.

Já em um dos shows mais esperados da Virada, no Palco Guaicurus, uma multidão esperava pela apresentação do músico Marcelo Veronez com o lendário Odair José. “Eu me senti em casa ao saber que iria tocar aqui, pois no início da carreira, quando tocava muito na noite, convivia com muitas prostitutas”, disse Odair.

O artista, convidado por Veronez, cantou cinco músicas, entre elas, o seu maior sucesso – É claro que eu vou tirar você desse lugar – quando o público soltou a voz. O artista mineiro subiu ao palco às 21h em ponto e manifestou apoio à Academia TransLiterária, que foi impedida de realizar a performance Coroação de Nossa Senhora das Travestis. A peça, que ocorreria no Espaço Rio de Janeiro, foi cancelada pela prefeitura, na sexta-feira. Veronez condenou a decisão e disse que ela “não dá oportunidade de as pessoas conheceram para poder discutir”. Ao subir ao palco, suas primeiras palavras foram: “Que Nossa Senhora das Travestis esteja conosco”.

Grupo se uniu para rezar diante da Igreja São José contra representação Nossa Senhora das Travestis, considerada ofensiva - Foto: Leandro Couri/EM/D.A Press
Já no Palco da Virada, na Praça da Estação, o público se divertiu ao som de Daniela Mercury e Chama o Sindico.
A banda belo horizontina, subiu ao palco com um repertório recheado de músicas autorais, no lançamento do seu primeiro álbum. O grupo até então se apresentava com sucessos de Tim Maia e Jorge Ben. As músicas seguem a mesma pegada dos ídolos, com temáticas engajadas. Umas das canções, Um dia eu chego lá, conta a saga de um trabalhador brasileiro que batalha o mês inteiro, mas não vê sobrar um tostão. O álbum novo conta com 10 faixas.

Marcada pelo engajamento político, a banda, na música Na terapêutica do grito, convocou o público a gritar em protesto à opressão das minorias. "É o grito das mulheres, ocupações urbanas, LGBTs... Armas, não!", gritou a percussionista Nara Torres.

A temática, aliás, foi abordada em várias apresentações.
No palco montado embaixo do Viaduto Santa Tereza, o MC Roger Deff, chamou pediu que o público gritasse, “vamos para o combate”, frase que está presente em um de seus hits. O artista é um dos mais conhecidos na cena do hip-hop mineiros e levou ao público um show com músicas que falam sobre o "retrocesso" vivido no mundo, contra o racismo e promovem o apoio às minorias.

Já quem passava pela Praça Sete, em vez de se deparar com shows de artistas reconhecidos, era surpreendido por um grupo dando piruetas no asfalto, outra subindo na grade e até em cima do monumento do Pirulito. Eram os dançarinos da companhia de dança Mário Nascimento, que se apresentava no Palco Rio de Janeiro e explorava todo o entorno em sua performance.
 
A também bailarina Luciana Lanza, de 34 anos, assistiu à apresentação extasiada. "É uma sensação de liberdade que te tira do lugar-comum. De repente, tem uma pessoa na grade e a vontade é chegar mais perto, como se estivessem chamando todo mundo a fazer arte", diz.

Walmir de Souza Marques lamentou que a delegação extraterrestre não tenha se apresentado, mas não desiste: 'Estão aí e ainda virão' - Foto: Fred Bottrel/EM/D.A Press

Reação religiosa contra performance polêmica


Se em vários espaços da cidade o que chamava a atenção eram os shows e agitos da Virada Cultural, quem passou em frente a Igreja de São José, no Centro da capital, assistiu a um grupo de fiéis que rezava e cantava louvores em frente à imagem de Nossa Senhora de Fátima. O ato foi uma reação à performance Coroação da Nossa Senhora das Travestis, que deveria acontecer no local. A peça foi cancelada na sexta-feira, véspera do início do evento, por determinação do prefeito Alexandre Kalil (PSD), após protestos de entidades católicas, que consideraram a apresentação do coletivo TransLiterária uma blasfêmia.

De acordo com Caio Bellote, presidente do Instituto São Frei Galvão, as pessoas se reuniram em protesto. “É um ato de desagravo em reparação às blasfêmias que ocorreriam aqui, com o apoio da prefeitura, do senhor secretário de Cultura, Juca Ferreira, onde seria coroado um homem como Nossa Senhora numa procissão sacrílega, indo contra o artigo 208 do Código Penal, que protege o culto.
Eu não considero cultura ofender a fé católica de milhões de brasileiros", afirmou.

Houve, no entanto, desentendimentos entre os participantes que convocaram o ato, quanto à sua possível conotação política. O representante de um grupo de fiéis chegou a ter uma altercação com o líder de um outro grupo. A discordância girava em torno da presença de políticos no local e da possibilidade de que uma manifestação de fé religiosa pudesse ser usada para atingir outros fins.

O cortejo da TransLiterária começaria em frente à Igreja de São José e seguiria até o quarteirão fechado da Rua Rio de Janeiro. No palco em que estava previsto o evento, não houve nenhuma manifestação contrária ao cancelamento no início da Virada Cultural 2019. A orientação dos militantes LGBTQI é de que apoiadores do movimento leiam a oração da "Nossa Senhora das Travestis" durante suas apresentações.

Os fiéis que rezaram no horário já haviam marcado a vigília na porta da igreja, como forma de repudiar a coroação. "Decidimos manter (o ato) para agradecer e mostrar que os católicos estão mobilizados contra algo que fira o sentimento religioso", disse um dos organizadores, o advogado Giovanni Costa, de 24. Costa afirmou que os católicos respeitam as pessoas trans, mas se sentiram "agredidos com o tom da coroação"


E a nave não pousou...

O homem magro, grisalho, de cachecol branco, blusa cinza e olhar sereno segura um balão transparente enquanto posa para selfies com quem passa na Praça Sete, durante a movimentada Virada Cultural de BH. Na noite de ontem, Walmir de Souza Marques age como uma celebridade. “A maioria da galera está aqui por causa da nave que avisei que chegaria”, glorifica-se.

Walmir é o “embaixador dos ETs” que ganhou notoriedade depois que pediu autorização à prefeitura e à Câmara de Vereadores para que, justamente nesta noite de 20 de julho, extraterrestres pudessem nos visitar. Bem na Praça Sete, Centro de Belo Horizonte.
A data é apontada por alguns como marco de transformações profundas para a humanidade.

Na Virada, a profecia frustrou quem procurava por contatos sobrenaturais. Mas Walmir marcou presença na maior simpatia com os retratos. A quem duvidava que os ETs ainda viriam, ele explicava: “Seria uma contravenção às regras da ONU se baixasse uma nave aqui hoje. Procuramos formar um quórum para quebrar isso, mas infelizmente não aconteceu.”

“Vai ficar até meia-noite?”, pergunta uma passante. “Não sei ainda, mas acho que não”, responde cabisbaixo. Walmir, porém, é dos brasileiros que não desistem nunca. E ainda propõe uma exclusiva à reportagem do Estado de Minas, que trombou com ele por acaso em plena Virada. “BH foi escolhida, o povo brasileiro foi escolhido. Eles estão aí e ainda virão. Me telefona depois que a gente marca de você registrar a imagem deles lá em cima.
Com a divulgação, aumenta o quórum”.


Vira virou

Hoje na Virada Cultural

Palco Acaiaca Rock
Avenida Afonso Pena, 867, Centro


6h10    Reverb All Stars (rock instrumental)
7h40    Irene Dias (rock e blues)
9h40    Débora Coimbra
10h40    Bonnie & Clyde
12h    Daniela Godoy
13h30    Maria Pretinha
14h40    Mosh Lab
16h    Lorena Amaral
17h20    Cabeto e Banda
18h35    Somba e Água Fresca

Palco Estação
Avenida dos Andradas, nº 201, Centro


12h45    Danças Urbanas
13h    Baile da Serra nas Quebradas
15h30    Lá da Favelinha – Disputa nervosa
17h    Atttooxxá Lá da Favelinha
19h    Djonga

Palco Praça Sete
Rua Carijós, 218, Centro


7h    Mônica Horta
10h    Senta a Pua
11h    Show Yvan Correa
12h    Dolores 602
14h    Danilo Reis e Rafael
16h    Velha Guarda do Samba de BH
17h20    Grupo Tradição
18h50    Grupo Teresa

Palco Parque
Avenida Afonso Pena, 1.377


8h    Márcio Vesoley
9h30    Sílvia Negrão
10h    Berenice e Sorian
11h30    História da arca
12h30    Disco de Pelúcia
14h    Na Conchinha de Cascudo
15h30    MC Elis
16h40    Mari e Celi estão na cidade
18h10    Amos – Banda da Polícia Militar

Palco Festas
Rua da Bahia, 10


10h    @bsurda (festa LGBT)

Palco Viaduto
Rua Aarão Reis, 542, Centro


6h    João Paiva MC
7h    Cafa Sorridente
7h10    Samora N'Zinga
8h20    Cru
8h20    Abu e Cizco
9h30    Zulu
10h30    Suasória
11h40    Azizi MC
15h50    Laura Sette
14h    Ufologiks A Abdução


Espaço Cinema
Avenida Afonso Pena, 1.377


Torre    Festival Múmia

Palco Coreto
Avenida Afonso Pena, 1.377, Centro


8h30    Contação de histórias
9h    Banzé
9h15    Shaab Forró Árabe
9h25    Nós na dance
9h35    Tribais
9h45    Numa boa
9h55    Funk, Pop, Iza Pesadão, Ginga e Rebola
10h05    Comunidade Zumba
10h25    Monstrinhos da Honorina
10h25    Robôs
10h35    Grupo Minnaz
10h45    Coreografia My Way – A mi manera
10h55    Max Lisboa – “Na Lama”
11h10    Tawewondance – A arte de lutar dançando
11h25    Flores do Oriente
11h40    Nostalgia
11h50    Danças Urbanas do PEA
13h    Dança Urbana – Inside
13h30    Grupo Explosive Dance
13h45    Filhas da terra
14h20    Grupo de Teatro Sementes CRPI
14h55    Espetáculo “Uma cidade bem legal”
15h55    Olha isso daqui, Menina!
17h15    Circo Marimbondo Show
19h    Companhia de Dança do Palácio das Artes “Nuvem de Barro”

Forró Sound System – 24 de Baile
Rua Tupinambás, 115 – Centro



*Estagiária sob supervisão do editor Roney Garcia.