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Virada 2019: MC Roger Deff se apresenta no Viaduto Santa Tereza

Etnografia Suburbana é o show que o público da Virada Cultural curtiu no início da programação, neste sábado (20), no Viaduto Santa Tereza. Ao lado da Serraria Souza Pinto, a plateia recebeu Roger Deff com muita energia.
 
Nos bastidores, o MC se concentrou para o show, um dos representantes da cena do hip hop mineiro na programação dessa edição, que tem mais de 400 eventos programados em 25 endereços do Hipercentro . Esse é um dos primeiros shows solo do artista. Antes, ele dividia os vocais de Julgamento, uma das primeiras bandas a misturar rock e rap em Minas Gerais. 
 
Seu novo álbum, que dá nome ao show, foi lançado como resultado de uma campanha coletiva de financiamento. O disco tem oito faixas inéditas.
 
Em suas músicas, Deff critica o "retrocesso" social, combate o racismo e promove o apoio às minorias. 
 
No show, o MC manifestou apoio ao coletivo TransLiterária, cuja performance "Coroação da Nossa Senhora das Travestis", prevista para as 20h de sábado no Espaço Rio de Janeiro, foi cancelada na sexta-feira. A decisão de excluir a atividade foi tomada pelo prefeito Alexandre Kalil, depois que grupos católicos pediram a retirada da performance, que classificam como um ato de blasfêmia e ofensa religiosa. "Se censuram nós, censuram todos", disse Deff.
 
Na sequência, ele pediu que o público gritasse com ele "Vamos pro combate", embalando seu hit.
 
Roger Cantou todas as músicas do novo disco e algumas ainda do grupo Julgamento. Ele recebeu outros artistas convidados. Na banda somente pessoas que têm a ver com sua história e trajetória. 
 
No fim do show, Deff só recebeu elogios de amigos que esperavam do lado de fora para fazer fotos.
"Foi uma resposta bem massa. É muito importante pra mim. Trazer esse show, nesse que é o palco sagrado do hip hop da cidade." agradeceu o MC, em referência ao espaço que recebe duelos de mc's há vários anos.
 
Em entrevista,  Roger Deff celebrou o crescimento do estilo musical. "O hip hop no Brasil cresceu muito em termos de público e alcance. Eu percebo uma diferença de quando a gente cantava pra gente. MC cantando para MC. Era nós por nós mesmos" contou.
 
"Chegar nesse momento agora e ver gente cantando as músicas é muito legal.
E é uma vitória coletiva. Cada um de nós que vence, leva uma cambada de gente" celebrou o MC.
 
Deff também agradeceu a todos que contribuíram para a produção do novo álbum, que souberam reconhecer a diferença entre preço e valor. "Percebi uma corrente de afeto muito grande. Sem palavras. É muito tocante. Fiquei muito feliz com os afetos todos. Muita gente apoiou pela arte", disse.
 
Sobre a Virada Cultural, o artista celebrou o momento mas ressaltou que muitos trabalhos ainda precisam ter visibilidade. "É um evento muito importante para a cidade.
E pensar que isso acontece em tempos em que a cultura é endemonizada." disse. "A cidade transborda cultura. A Virada é um recorte, tem muitos trabalhos que também não estão." completou. 
 
Sobre o Transliteraria
 
"Eu fiquei pensando. As pessoas entenderam como ofensa. Não vejo como desrespeito. A grande questão é entender que essas pessoas existem e tem direito sim de apropriar a cultura. As pessoas entendem as trans como um grupo que deve ser escondido, apagado da história de alguma forma, e não aceitam que eles se manifestem de alguma forma, sendo que eles fazem parte dessa diversidade toda.
 
Da mesma forma que a representação de Jesus negro incomoda muita gente. Por que incomoda?  Nós existimos. Eu penso que é um pensamento quem vai muito na contra corrente da filosofia da religião,  que é igualdade, respeitar a diversidade."
 
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