Reacender a memória. É o que propõem as mostras individuais Histórias revisitadas e Intermédios, das artistas plásticas Rosana Paulino e Maria Fernanda Lucena. As duas exposições entram em cartaz na dotArt Galeria de Arte. Rosana, paulista, fez recentemente mostras na Pinacoteca de São Paulo e no Museu de Arte do Rio de Janeiro. Aborda feminismo, ativismo negro e políticas sociais. Maria Fernanda Lucena, carioca, terá sua primeira individual em Minas. “Busco uma memória do futuro”, provoca.
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Para Rosana, o tratamento direcionado à população negra é discriminatório. “Moro em São Paulo e a polícia de lá sabe muito bem o que é o negro, que sofre tratamento diferenciado.
Já Maria Fernanda diz buscar “uma memória do futuro” por meio das histórias contadas em suas pinturas. “A mostra traz trabalhos mais antigos, desde gravuras da época em que estava em Londres até a produção atual. Há também coisas feitas no início deste ano, ou seja, um apanhado de uma fase mais antiga e atual”, explica.
As narrativas propostas em suas 17 obras em exposição refletem realidade e ficção ao apresentar um alguém, um lugar, um objeto e ela mesma. “Para esta exposição busquei juntar pessoas e objetos de tempos e lugares distintos em uma só imagem, promovendo encontros inusitados. Como, por exemplo, o trabalho Casa amarela, que retrata uma mulher nos anos 70, em um bairro de Recife, ao lado de outra, em um jardim na Toscana, em 2018.”
“Para mim, a memória é como uma ilha de edição, na qual fragmentos de imagens se juntam para formar um só bloco, no qual encontros, inevitavelmente, acontecem”, interpreta Maria Fernanda. Ela revela uma peculiaridade: “Nunca pinto em tela e, sim, em tudo o que se possa imaginar.
Essa seria uma representação simbólica da história de sua vida. “Nesta exposição, trabalho muito com o ambiente de casa. Para se ter uma ideia, coleto estofarias, retiro os tecidos e os lavo. A partir daí, vou pegando os retalhos e fazendo bases. Nesta mostra, trabalho muito a partir de madeiras, mas como se fossem telas de pintura. Em cima delas coloco fotos e miniaturas de relógios, entre outros objetos, enfim, coisas que representam a minha memória e vou pintando em cima, como se fosse uma tela.”
Ela se interessa em juntar o tempo e pessoas diferentes, transformando-os em coisa única. “Por exemplo, pego uma pessoa que está numa sala de estar da casa dela em outro tempo e a coloco com outras, falando ao telefone, como se fosse hoje. A ideia é não ter barreira, pois as pessoas podem estar juntas”, explica a pintora.
Maria Fernanda tem formação em indumentária e design de moda, além de diversos cursos da Escola de Áudio Visual (EAV) no Parque Lage, no Rio de Janeiro. “Meus trabalhos são caixas de lembranças, relicário de um tempo da vida que alguém viveu”, define.
EXPOSIÇÕES HISTÓRIAS REVISITADAS E INTERMÉDIOS
De quinta-feira (16), até 6 de julho, na dotART Galeria de Arte. Rua Bernardo Guimarães, 911, Funcionários, (31) 3261-3910.