A partir de uma conversa de um grupo de WhatsApp, formado por pessoas nascidas em Ibiá, cidade mineira com 20 mil habitantes localizada no Alto do Paranaíba, surgiu a ideia de se fazer um projeto que transformasse geladeiras velhas em bibliotecas comunitárias. Implantado em dezembro de 2018, o Geladeira Literária hoje conta com 10 geladeiras distribuídas pelos principais pontos daquela cidade. De acordo com uma das voluntárias, a engenheira química Maria Cristina Reis, o objetivo é desburocratizar o acesso à leitura, levar o livro até onde as pessoas estão e expandir a ideia para outras cidades.
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Em BH, projeto promove ciclo de reflexões sobre a narração oral Projeto leva poesia popular a escolas e moradores da região do Barreiro Projeto literário traz Xico Sá, Gregorio Duvivier e Maria Ribeiro a BHÓpera do Palácio atualiza o velho problema do amor não correspondidoAs geladeiras ficam localizadas nos pontos de maior circulação de pessoas, perto de escolas e praças. Acreditamos que todo mundo é bem-intencionado e, se acreditarmos nas pessoas, as respostas serão sempre positivas”, diz ela. Maria Cristina diz que a iniciativa é “uma provocação social construtiva sobre valores como troca, doação, integração entre pessoas e cuidado com o bem público. Estamos trabalhando compartilhamento, cidadania e responsabilidade com o que é de todos. As crianças são grandes incentivadoras do projeto e aprendem que o livro não precisa ser exclusivo. É possível e recomendável dividir o conhecimento com quem está ao redor e tem menos oportunidade de acesso à educação”.
Para a médica pediatra e também voluntária Olímpia Dias Ferreira, o bom é poder trabalhar conceitos como compartilhamento, cidadania e responsabilidade com o que é de todos.
VOLUNTÁRIOS “A ideia é simples, pois qualquer pessoa pode abrir a geladeira, escolher um livro, levar para casa pelo tempo que quiser e devolver em uma das 10 bases do projeto em Ibiá. A iniciativa conta com livros infantis, juvenis e adultos para incentivar a leitura em todas as faixas etárias. Os recursos para manter o projeto vêm dos próprios voluntários, que também se mobilizam para arrecadar os livros com a rede de contatos particular. Uma das prateleiras de cada geladeira também fica disponível para que qualquer pessoa contribua com a doação de livros”, diz Olímpia, que afirma ter ficado surpresa com o volume de doação de livros e a participação da comunidade.
“Nosso grupo, que é formado, em sua maioria, por profissionais liberais, no WhatsApp, ganhou o nome de Transformação Ibiá. Também já temos Instagram e Facebook. A ideia é partir para outras comunidades, sendo que aquelas que estiverem interessadas no projeto basta nos procurarem pelas redes sociais que explicaremos como tudo funciona. Embora Ibiá seja a primeira cidade mineira a realizar este projeto, a ideia não é do grupo, pois este já existe em algumas outras poucas cidades, mas Ibiá é a primeira em Minas”, diz Olímpia.
A pediatra explica como é feita a adaptação das geladeiras doadas para o projeto.
Na Geladeira Literária, “diferentemente das bibliotecas, não há nenhuma burocracia para se pegar um livro. A pessoa pega, leva, traz de volta, mas, se quiser ficar com livro, também não tem problema”, diz Olímpia. “Acredito que, sem ler, ninguém vai para a frente nem passa por um processo de educação sem a leitura.” Doações para o projeto podem ser feitas em Belo Horizonte, na Associação Médica de Minas Gerais, que fica na Avenida João Pinheiro, 161, Centro..