Uai Entretenimento

Artista se torna parte de exposição e vai morar em galeria em BH


Quando um artista pretende viver da própria arte ou encontrar no ofício o sentido da vida, muitas são as possibilidades. Para o sete-lagoano Efe Godoy, de 30 anos, uma nova experiência nesse processo será vivida a partir deste sábado (16), na galeria Celma Albuquerque. Além de mostrar suas aquarelas, desenhos e outros trabalhos, ele vai morar no local durante a exposição individual Estranho familiar, realizada como parte da quinta edição do circuito 10 Contemporâneo, cujo objetivo é fortalecer a cena artística local.

“Falo muito de um sonho. Na galeria estará presente uma cama que pertenceu à Celma Albuquerque e vou dormir nela. É como um desejo de poder sonhar com o que ela já sonhou e tentar entender esse lugar como se estivesse dormindo na casa de uma amiga. A ideia é tentar construir uma relação familiar com a galeria”, diz Godoy, explicando a conexão onírica que pretende estabelecer com a colecionadora. A Galeria Celma Albuquerque completou 30 anos de atividades em 2018 e, desde o falecimento de Celma, em 2015, é integralmente administrada por seus filhos, Flávia e Lúcio Albuquerque.

A tentativa de construir um lar em um lugar inusitado, que norteia a performance de Efe Godoy, se insere no conceito aparentemente antagônico de Estranho familiar, tema também da exposição de seus trabalhos. As obras expostas foram criadas ao longo de residências artísticas das quais participou nos últimos dois anos.

Também devem ser incorporados trabalhos que ele eventualmente venha a produzir enquanto estiver vivendo na galeria. Com essa possibilidade aberta, o artista não consegue dizer o número exato de obras que estarão em exibição. “Levarei também meu ateliê para lá, então a galeria estará em constante movimento”, afirma.

HÍBRIDOS Entre as obras já concluídas e selecionadas para a mostra, o hibridismo é uma das marcas registradas. Os desenhos trazem figuras criadas pela fusão de animais com pessoas, plantas e objetos. “Vejo isso bem forte como conceito, porque somos uma mistura de tudo. Quando vejo alguém andar na rua e gosto, tento pegar aquele jeito de andar. Se alguém fala alguma gíria diferente, que me agrada, passo a usá-la também.
As coisas significativas que vejo, procuro misturar e criar um novo ser”, diz o artista, selecionado em 2016 para a sexta edição da Bolsa Pampulha, no Museu de Arte da Pampulha (MAP).

Efe Godoy também é conhecido por outra performance artística relacionada ao hibridismo: O menino capivara, em que circula por Belo Horizonte usando uma cabeça de capivara. Segundo ele, essa obra também estará presente na exposição. “Nunca vou me largar dele (O menino capivara). Tudo se liga no realismo fantástico. Isso é bem forte no meu trabalho, essa vontade de extrapolar o real, mas ainda sendo real”, diz. Ele cita a obra fantástica de Murilo Rubião como uma de suas inspirações.

“Meu trabalho tem esse tom, isso de perceber algo que torna aquilo familiar e, ao mesmo tempo, perceber coisas que não se entende muito bem a priori. É achar estranho, mas também bonito ou fofo”, diz Efe Godoy sobre sua obra. Ele abrirá seu novo lar para uma mesa de desenho semanal, da qual o público está convidado a participar, independentemente da qualificação artística.

Estranho familiar
Exposição individual de Efe Godoy.
Abertura neste sábado (16), das 10h às 14h. Até 13 de abril, na Galeria Celma Albuquerque (Rua Antônio de Albuquerque, 885, Savassi.) Horário de visitação: de segunda a sexta, das 9h30 às 19h; sábados, das 9h30 às 13h. Entrada franca. Mais informações: (31) 3227.6494..