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Assim que a Companhia anunciou a novidade, pipocaram comentários no Instagram oficial da editora - enaltecendo e, principalmente, criticando a iniciativa. "Imagine se, na Alemanha, por exemplo, um exemplar de uma obra de Kafka, lançado pela principal editora do país, custasse quase 10% de um salário-mínimo. Iria girar em torno de 150 euros. Em Portugal, por exemplo, se um exemplar de Os Lusíadas custasse algo em torno de 10% do salário mínimo, estaríamos falando de um livro em torno de 60 euros. Embora eu reconheça que a Companhia das Letras faça um trabalho editorial de referência, pode ter absoluta certeza que é caro e inacessível para maior parte do país", escreveu um seguidor. "Total absurdo. Pra que fazer uma edição tão cara quando boa maioria da população não pode comprar nem uma edição simples porque já é cara?! Pisou na bola feio", postou outro. "Vou é ficar com a minha edição da Nova Fronteira que não custou nem 60 pila e é lindíssima, simples como só o Sertão sabe ser", opinou um terceiro.
Teve também quem usasse de ironia. Um chamou de "gourmetização da cultura" Outro questionou se a edição de luxo viria com a assinatura psicografada de Guimarães Rosa. "Tem financiamento da Caixa?", quis saber um dos que criticaram. Rolou até bate-boca virtual. "É apenas uma edição especial para quem puder e quiser comprar. Não é atacando os compradores que você vai conseguir mudar as mazelas sociais. Há espaço para todos, e se nem todos podem pagar esse preço, não é culpa da editora", respondeu um internauta a outro.
Procurada pela reportagem para falar sobre a polêmica, a editora preferiu não se pronunciar.
RARIDADE
São apenas 63 exemplares, em comemoração aos 63 de publicação da primeira edição da obra. Eles serão numerados, tanto no bordado quanto no livro. Mas quem não tem condições de bancar esse exemplar digo de colecionador, a Companhia das Letras já colocou em pré-venda nos sites da Amazon, Saraiva e Cultura uma edição "mais simples", porém, com direito à mesma capa especial da edição de luxo e uma tira vermelha de pano. O valor é R$ 84,90.
As duas edições contam com novo estabelecimento de texto, cronologia ilustrada, indicações de leituras e célebres textos publicados sobre o romance, incluindo um breve recorte da correspondência entre Clarice Lispector e Fernando Sabino e escritos de Roberto Schwarz, Walnice Nogueira Galvão, Benedito Nunes, Davi Arrigucci Jr. e Silviano Santiago. Dispostos cronologicamente, os ensaios procuram dar a ver, ao menos em parte, como se constituiu essa trama de leituras. O projeto gráfico conta ainda com desenhos originais de Poty Lazzarotto, que ilustrou as primeiras edições do livro. A Companhia das Letras ainda criou um site dedicado a Grande sertão: veredas em que há informações sobre o autor e obra-prima da literatura brasileira. O endereço é www.companhiadasletras.com.br/gsv