O termo naïf designa o trabalho de artistas amadores, desenvolvido de forma espontânea e sem instruções técnicas. A proposta nasceu com o pintor francês autodidata Henri Rousseau (1844-1910), pertencente ao movimento moderno pós-impressionista. Há mais de duas décadas, o Sesc promove bienais que atentam à produção naïf em todo o Brasil, revelando faces pouco conhecidas da nossa arte popular. Trabalhos que integraram edições do evento entre 2000 e 2016 entram em exposição aberta ao público a partir desta quarta-feira (13), no Sesc Palladium, com a mostra Naïfs do Brasil.
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LAZER Constituída por pinturas, desenhos, esculturas e bordados, entre outras linguagens, a mostra é dividida em duas partes. Hora do trabalho, tempo de lazer dialoga diretamente com a proposta naïf, cujos profissionais, por vezes, têm a arte como hobby, restrita às pausas do cotidiano. Em Universos mágicos, volta-se o olhar para obras em que simbolismos revelam o criticismo dos artistas na representação de seus meios sociais.
Para Fabiana Delboni, os recortes estão relacionados dentro do universo naïf e ambos falam com propriedade sobre o mundo contemporâneo. “Os artistas abordam seu dia a dia, em que a relação entre trabalho e lazer muitas vezes não é ideal. Mesmo quando falamos do recorte sobre Universos mágicos, notamos a construção de uma subjetividade que também depende das relações de trabalho”, afirma a coordenadora.
Nas bienais realizadas em Piracicaba, interior de São Paulo, o Sesc mapeia a produção da arte popular em todo o país e revela artistas que dificilmente chegam ao grande público. Colocado no plural, o termo se distancia do movimento artístico e é colocado com o foco nos profissionais, além de revelar uma variedade de estéticas e propostas encontradas no âmbito nacional.
LINGUAGENS A mostra Naïfs do Brasil integra a programação especial do Sesc Palladium de BH com foco em culturas populares. Para Eliane Parreiras, gerente-geral de Cultura do Sesc em Minas Gerais, eixos temáticos semestrais permitem que políticas afirmativas sejam contempladas de maneira orgânica, abarcada por diferentes linguagens artísticas
“A exposição permite que o público tenha acesso a uma leitura mais expandida, saindo do entendimento comum da arte popular como algo simplesmente artesanal.
Para a gerente, a diversidade é marca dos artistas naïf brasileiros, mas certas características se repetem entre as obras em exposição. “São técnicas e estéticas diversas, mas que encontram uma unicidade no olhar para o cotidiano. Mesmo os trabalhos de Universo mágico trazem uma abordagem quase existencialista, em que o homem está sempre presente”, assinala..