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Arte negra em foco

Prêmio Leda Maria Martins frisa apoio das artes cênicas para a educação




O Prêmio Leda Maria Martins (LMM), criado no ano passado, chega à segunda edição reafirmando seu propósito de reverenciar as produções de teatro, dança e performance realizadas por negros em Belo Horizonte. Na noite desta quarta (12), no Auditório Paulo Camillo, no BDMG Cultural, serão conhecidos os vencedores da premiação que, em 2018, destaca a relação da arte com a educação, abrangendo 10 categorias: Encruzilhada (direção), muriquinho (infantojuvenil), oralitura (texto, trilha sonora), corpo adereço (dança), performance do tempo espiralar (performance), lugar da memória (cena curta), afrografias (atuação), cena em sombras (cenário, figurino, luz), palco negro (espetáculo de longa duração) e ancestralidade (personalidade, homenagem, revelação).

O tema desta edição é “Escrevivência: escrever, viver, se ver”, inspirado na proposta literária da escritora belo-horizontina Conceição Evaristo, que estará presente no evento. Leda ressalta a importância da iniciativa, já que, no Brasil, são poucos os prêmios que tratam especificamente das questões negras. Para ela, não deixa de ser um canal para reconhecer, estimular, incentivar e abrir caminhos para a produção de artistas negros, especialmente os mais jovens. “E o bacana é que essa juventude não espera as coisas acontecerem, mas faz acontecer. Temos encontrado artistas, dramaturgos e espetáculos extremamente potentes, provocadores e dinâmicos”, diz.

Apesar de ter a produção de arte negra como foco, o prêmio – como lembra Leda Martins – celebra, antes de tudo, a diversidade. “É uma premiação que fertiliza sim as artes negras, mas é para todo mundo. Espero que nesta quarta estejam presentes todos os matizes, isso é importante.
A inclusão só se dá quando afetamos toda a sociedade – independentemente de cor, religião ou orientação sexual. Esse é o melhor caminho para se encontrar a harmonia, o bem-estar e a cidadania.”

A equipe de jurados é formada por artistas, pesquisadores em educação da Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG). “Além de ser uma honra dar nome a esse prêmio e ser um reconhecimento de uma vida inteira, ele evidencia as contribuições dos negros para a sociedade brasileira em todos os âmbitos”, afirma Leda. Poeta, ensaísta, dramaturga, ex-diretora de ação cultural da UFMG – e rainha de Nossa Senhora das Mercês da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá –, Leda Maria Martins não sabe se poderá comparecer à cerimônia. Na semana passada, ela sofreu uma queda, quebrou o ombro e o pulso, e precisou ser operada. “O médico recomendou repouso absoluto. Tenho sentido muitas dores, mas quero dar uma passada nem que seja para dar um oi”, avisa.

No evento, será lançado o site do Prêmio LMM, que servirá como espaço e referência sobre artes cênicas da capital.
Outra atração é a apresentação do espetáculo À sombra da goiabeira, do grupo Teatro Negro e Atitude, que comemora seus 25 anos de trabalho, sempre pautado pela pesquisa da cultura da diáspora e a tradição da cultura popular afro-brasileira. Com texto e direção de Marcus Carvalho, a peça discute a relação de paternidade e herança cultural a partir do conflito entre pai e filho.

PRÊMIO LEDA MARIA MARTINS
Nesta quarta-feira (12), a partir das 18h, no Auditório Paulo Camillo do BDMG Cultural (Rua Bernardo Guimarães, 1.600, Lourdes). Entrada franca, sujeita à lotação do espaço. Haverá transmissão simultânea pela página do Facebook do Projeto Pretança (Una): www.facebook.com/PremioLedaMariaMartins/..