Grupos mineiros lutam para mobilizar fãs da arte em apoio a projetos que permitam viabilizar apresentações, bolsas de estudo, ações didáticas e atividades voltadas para a revelação de talentos. No fim do ano, campanhas solicitam a contribuição de pessoas físicas, por meio da restituição anual ou do abatimento de 6% do valor pago ao Imposto de Renda. Ancorado na Lei Rouanet – a que artistas recorrem para também obter patrocínio de empresas –, esse mecanismo ajuda a cobrir despesas dos grupos Corpo e Galpão, da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, da Fundação de Educação Artística (FEA) e do Instituto Inhotim, entre outros.
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INCENTIVO Comprometido com a democratização da arte, o Grupo Galpão cobra ingressos a preços populares, além de promover ações financeiramente acessíveis ao público.
Esta semana, a companhia de dança volta aos palcos de Belo Horizonte com espetáculo a preços populares. De quarta-feira (5) a domingo (9), o Corpo vai reapresentar dois clássicos de seu catálogo: Parabelo, que estreou em 1977, com trilha de Tom Zé e José Miguel Wisnik, e 21, espetáculo de 1992, com música de Uakti e Marco Antônio Guimarães. As sessões ocorrerão no Cine Theatro Brasil Vallourec.
A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais destina as doações de pessoas físicas ao programa educacional voltado para a formação de público. As contribuições financiam a série Concertos para a Juventude, realizada ao ar livre nas manhãs de domingo; concertos didáticos, que levam alunos dos ensinos fundamental e médio para o ambiente da orquestra; o Festival Tinta Fresca e o Laboratório de Regência, que revelam novos talentos da música erudita.
“A partir dessas doações, podemos oferecer concertos gratuitos, além da primeira experiência junto à orquestra para crianças que não frequentam espaços culturais”, afirma Zilka Caribé, diretora de marketing do Instituto Cultural Filarmônica.
O Instituto Inhotim, o maior museu a céu aberto da América Latina, localizado em Brumadinho, conta com 750 apoiadores. “Os Amigos do Inhotim se tornam nossos embaixadores, pois, além da doação, ajudam na comunicação e no estímulo às visitas”, diz Malu Gonçalves, coordenadora dos programas de relacionamento do museu.
Para custear bolsas de estudos em 2019, a Fundação de Educação Artística (FEA) também promove a sua campanha de doações, chamada Amigos da FEA. O programa é potencializado por uma série de shows com o intuito de divulgar a iniciativa, a cargo de ex-alunos da instituição. No fim de semana, o grupo Voz & Cia vai se apresentar na Sala Sérgio Magnani.
“Entidade sem fins lucrativos, a Fundação está sempre deficitária. Precisamos de patrocínio para fechar as nossas contas, o que se torna mais difícil em momentos de crise como agora. Por isso, a renda dos shows e as doações de pessoas físicas são tão importantes”, afirma Berenice Menegale, diretora da FEA.
ROUANET Chico Pelúcio diz que há uma campanha contra a Lei Rouanet, alimentada pelo entendimento equivocado sobre ela. “Parte da população acredita que a lei privilegia só os grandes artistas, que não precisam desse incentivo. Isso não é verdade.
“Poucos entendem a seriedade que envolve a inscrição de um projeto nas leis de incentivo”, afirma Zilka Caribé, do Instituto Cultural Filarmônica. Ela recorre à Lei Rouanet desde a criação da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, em 2008. “Fomos várias vezes a Brasília discutir pontos, voltamos atrás em alguns tópicos, reformulamos projetos. Isso, além de todo o processo de prestação de contas, em que comprovamos a entrega ao público do que foi elencado na proposta”, explica.
Em 2017, 40% do orçamento do Inhotim veio do patrocínio – estatal e privado. “Nestes tempos de tanta desinformação, nosso trabalho também visa ajudar as pessoas a compreender melhor como funcionam as leis de incentivo à cultura”, afirma Malu Gonçalves. Graças à Lei Rouanet, um terço das visitas ao Instituto tem entrada franca, informa.
PREOCUPAÇÃO A extinção do Ministério da Cultura (MinC), com a criação de uma Secretaria de Cultura vinculada à futura pasta da Cidadania, preocupa os gestores do setor. “Governos costumam ser míopes para o ponto de vista econômico da cultura, em que é tão eficiente a geração de renda. O MinC gera menos despesas do que tantos outros ministérios, não pode ser extinto com uma canetada.
Claudia Ribeiro, do Grupo Corpo, diz que tenta se manter otimista. Ela espera a melhora da economia em 2019 e pondera que o cidadão passou a identificar com mais eficiência as fake news reletivas ao setor cultural. “Mudanças de governos federal e estadual são sempre marcadas por mares agitados. Acredito em instituições sólidas e em trabalhos artísticos sérios. Eles costumam vencer em tempos mais difíceis e de apreensão.”
Para Zilka Caribé, os próximos governantes devem examinar com critério o trabalho desenvolvido na área cultural. “Eles precisam se debruçar sobre o nosso histórico, a ação social em que a Filarmônica está envolvida, que não se restringe apenas à Sala Minas Gerais”, afirma, referindo-se a apresentações gratuitas em praças da capital e a concertos realizados no interior do estado.
CAMPANHAS
» Fundação de Educação Artística: feabh.org.br
» Grupo Corpo: amigosdocorpo.com.br
» Grupo Galpão: vivagalpao.com.br
» Inhotim: amigosdoinhotim.com.br
» Orquestra Filarmônica de Minas Gerais: filarmonica.art.br/apoie/amigos-da-filarmonica
VOZ E CIA
Sábado (8) e domingo (9), às 19h. Fundação de Educação Artística. Rua Gonçalves Dias, 320, Funcionários.
R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada).
GRUPO CORPO
Coreografias Parabelo e 21. De quarta-feira (5) a sábado (8), às 20h30; domingo (9), às 19h.
Praça Sete, Centro, (31) 3201-5211. R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada). Venda on-line: www.eventim.com.br.