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Adriana Negreiros exibe perspectiva feminina sobre o cangaço em seu novo livro

Em um dos trechos do livro 'Maria Bonita: Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço', lançado recentemente pela editora Objetiva,  a jornalista Adriana Negreiros descreve o dia em que as pessoas da época viram pela primeira vez numa foto a mulher que decidiu viver ao lado do homem mais temido daquelas bandas, Lampião. "A transformação de Maria Gomes de Oliveira, a Maria de Déa, em estrela nacional começou no dia 29 de dezembro de 1936. Naquela terça-feira, os leitores do jornal O Povo, de Fortaleza, viram, pela primeira vez, a imagem da mulher que largara o marido para viver com o fora da lei mais procurado do Brasil". Nascia para o mundo, Maria Bonita, nome dado pela imprensa, pois quem viveu com ela, era apenas Maria de Déa, apelido de sua mãe, dona Déa.


Em um texto fluente e com sotaque nordestino, pelo uso das expressões da região, Adriana Negreiros faz da biografia de Maria Bonita (1910-1938) um estudo do cangaço sobre o ponto de vista das histórias das mulheres que viveram no bando de Lampião, entre elas, Maria Bonita e Dadá.

Adriana passou dois anos lendo tudo que foi publicado pelo cangaço por pesquisadores, jornalistas e historiadores. E, nas leituras, percebeu que os textos escritos por homens negligenciavam a participação das mulheres cangaceiras e atenuavam a violência a que elas foram submetidas.


A maior parte das cangaceiras era sequestrada pelo bando de Lampião, de suas famílias, muitas ainda meninas. Eram obrigadas a viver, a partir de então, ao lado de algum cangaceiro. Maria Bonita foi uma das poucas mulheres que decidiu seguir o cangaço por vontade própria. Já Dadá foi sequestrada e estuprada por Corisco, aos 12 anos, homem que viraria seu marido.
São histórias de mulheres que aprenderam a conviver com a violência, a vida dura, o machismo e a subserviência imposta pelo cangaço.
E que tiveram suas vozes silenciadas ou relativizadas pelos homens que estudaram o que representou a saga do Lampião e do seu bando.

 

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