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Escritor fala sobre o PCC e sua experiência nas comunidades pobres de São PauloLivros sobre o PCC explicam por que a facção se fortalece em todo o BrasilEnsaio fotográfico registra apartamentos de vizinhos que não se conhecemMASP completa 50 anos de históriasMilton Hatoum e João Silvério Trevisan são finalistas do OceanosA mostra é dividida em três módulos. A primeira traz desenhos feitos ainda na infância, com nanquim em pena de pato. A segunda reúne as pinturas abstratas que marcaram o ingresso de Celso na vida artística, na década de 1960.
“Quando ele começa a pintar, surge de forma revolucionária na cena mineira. Celso apresentava um abstracionismo marcado pela liberdade, algo que se via nos Estados Unidos, por exemplo, mas não por aqui”, explica Claudia Renault.
O terceiro módulo reúne obras que consagraram Celso, as pinturas-assemblages sobre madeira. Aos poucos, grafismos gestuais e livres dão lugar a formas geométricas quando ele passa a explorar materiais inusitados – tapumes, tábuas e demais aparatos da construção civil.
“Ele encontra a madeira – ou a madeira o encontra, como dizia – e começa a pintar com um suporte absolutamente novo.
Por conta dessa última fase de sua carreira – nas décadas de 1970 e 1980 –, Celso Renato é considerado, ao lado de Amílcar de Castro, um dos maiores nomes do construtivismo em Minas Gerais. O movimento, que nasceu na Rússia no início do século 20, revelou o impacto da Revolução Industrial nos diversos segmentos da arte, que passou a contemplar novas estéticas associadas ao avanço da tecnologia, em detrimento de aspectos tradicionais.
Claudia Renault lembra que Celso se inseriu nesse movimento estético com inventividade, apresentando uma obra singular e reverenciada por vários colegas.
O artista dos artistas
“Celso Renato nasceu respirando arte”, resume Claudia Renault. A convivência com o ofício e as telas do pai, o pintor clássico Renato de Lima, aguçou a criatividade do mineiro. “Mesmo vivendo no meio da arte, é surpreendente que ele tenha se revelado, logo de cara, com um trabalho abstrato tão genial. Ele não passou por qualquer aprendizado básico, nunca teve aula de pintura, a não ser acompanhando técnicas elementares usadas pelo pai”, observa a curadora.
O mineiro jamais foi reconhecido como merece, adverte Claudia Renault. Mesmo depois de alcançar certa estabilidade como pintor, ele conciliava a rotina no ateliê com o trabalho como advogado para sustentar a família.
Celso não chegou a ver sua arte devidamente valorizada, destaca a curadora. A justiça só começou a se dar quase três décadas depois da morte dele. “Celso Renato é o artista dos artistas. Muitos pintores reconhecem o seu trabalho e o têm na mais alta conta, mas o mercado nunca absorveu isso. Ele não viveu a glória como o Amílcar (de Castro) pôde viver. Celso sabia que era um bom artista e tinha grande valor, mas não viu seu legado ser tão valorizado, como começa a ocorrer agora”, conclui.
100 ANOS DE CELSO RENATO
Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard. Palácio das Artes. Av. Afonso Pena, 1.537, Centro. (31) 3236-7400.