Há 40 anos, Rodolfo Cascão, ator, diretor, mobilizador social e defensor da cultura popular, incorporou o cordel a suas atividades. No fim da década de 1970, o paulista se mudou para uma comunidade rural no Araguaia, no Mato Grosso. Foi lá que teve contato pela primeira vez com a manifestação literária trazida ao Brasil pelos portugueses.
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“Além da sonoridade da palavra cafundó ser muito interessante, ela nos transporta para o universo do interior, do sertanejo”, explica Cascão. Em 2015, o projeto passou a atuar em duas frentes.
“A ideia é oferecer oficinas de música, teatro e poesia em escolas e, a partir dessa experiência, criar um espetáculo coletivo, além do livreto com os poemas produzidos e o material audiovisual”, reforça.
ESCOLAS Desde julho e com apoio dos frades agostinianos, o projeto atua nas escolas municipais Itamar Franco e Dinoráh Magalhães Fabri, na região do Barreiro. Sábado (27) e segunda-feira (29), o público vai conferir um pouco do que foi trabalhado com professores, alunos e moradores.
“As escolas atendem principalmente comunidades de ocupações e periferias, às vezes marcadas pela violência e por conflitos. Os próprios alunos geram os cordéis e os apresentam em espetáculos”, diz Cascão.
O público poderá conferir duas produções. “A nossa, original, que está em turnê há um bom tempo, e a construção coletiva”, salienta o artista. Em 2019, o projeto vai circular por oito cidades do interior mineiro: Bugre, Coroaci, Córrego Novo, Santo Antônio do Itambé, Santa Maria de Itabira, Sabinópolis, São Domingos do Prata e Santana do Paraíso.
Rodolfo Cascão destaca a força do cordel, que, em setembro, tornou-se patrimônio cultural do Brasil. “Apesar de ser tão tradicional, ele sempre foi marginalizado, considerado poesia menor.
CORDÉIS DOS CAFUNDÓ
Sábado (27), às 10h, no CRAS Petrópolis. Rua Frederico Boy Prussiano, 137, Bairro Petrópolis, Barreiro. Segunda-feira (29), às 19h30, no Salão da Capela Nossa Senhora Aparecida. Rua Coletivo, 66, Vila Cemig, Barreiro. Entrada franca. Informações: fb.com/cordeisdoscafundo.