A exposição Pintura nua celebra os 50 anos de carreira do artista plástico mineiro Fernando Pacheco. “Comemorar minha trajetória artística foi ideia dos amigos e de pessoas queridas. Comecei a pintar na década de 1960, quando era muito jovem”, afirma ele. Foram selecionados 64 trabalhos produzidos em 2017 e 2018, a maior parte inédita. “Minha pintura não tenta iludir. É direta, franca e transparente”, diz.

Pacheco sempre fez uso da técnica de óleo sobre tela, mas, depois de exposições na Ásia e Oceania, optou também pelo acrílico sobre tela. “Lanço mão do figurativo para falar do universo existencial humano. Minha pintura é bem humanista, com certo lirismo. Coloco tudo no liquidificador para ter efeito de dramaticidade”, observa. “O território da minha pintura é onde a nossa fantasia possa encontrar diálogo. Proponho que olhemos para dentro de nós mesmos, buscando respostas para mistérios, fantasias e segredos.”

O pintor se inspira em temas universais, como a espiritualidade e a morte, mas sem deixar de lado a atitude política. “A arte por si só é política”, afirma.

Em vários quadros dele, a figura do pianista aparece de forma recorrente. A inspiração veio do músico norte-americano Ray Charles (1930-2004), que perdeu a visão aos 7 anos.

“O pianista e o piano são metáforas. Ray Charles é uma imagem linda, mas ele próprio não podia se ver”, observa. De acordo com o pintor, essa imagem convoca a uma outra relação com a realidade.

“O olhar cego é muito mais poderoso para criar o olhar da fantasia. Brinco com essa imagem para que as pessoas possam olhar para elas mesmas”, reforça.

PINTURA NUA
Exposição de Fernando Pacheco. PS Galeria. Rua Antônio de Albuquerque, 911, Savassi, (31) 3223-8329. De segunda a sexta-feira, das 10h às 18h; sábado, das 10h às 14h. Até 25 de janeiro..