O livro Como ganhar uma eleição – Um manual político da Antiguidade Clássica para os dias de hoje, escrito pelo general e político Quintus Cicero, em 64 a.C, é tema de um debate na noite desta quarta (10) entre o filósofo Newton Bignotto e a historiadora Heloisa Starling. A edição especial do projeto Sempre um Papo marca a abertura do Outlet de Livros, que ocupa o lugar onde, de 2009 a 2015, funcionou a livraria Mineiriana.
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Ferramentas de autopublicação permitem ao escritor lançar livros sem depender do aval das editoras tradicionaisEscritores compartilham experiências com o público em cafeterias de BH; confira Inspirado em contos de Machado de Assis, musical 'Contos partidos de amor' estreia em BHEscritora Zibia Gasparetto morre aos 92 anosFestival Belo Cello promove recitais com violoncelo em Belo Horizonte e Ouro BrancoO texto de Quintus tem como interlocutor seu irmão Marcus Cicero, o maior orador da Roma Antiga e então candidato ao alto cargo de Cônsul da República Romana. Ele apresenta estratégias que deveriam ser adotadas em uma campanha política bem-sucedida. O autor sugere ao irmão que faça uma série de promessas, ainda que vazias e controversas, a diferentes grupos políticos, a fim de angariar apoio maciço em sua campanha.
RADIOGRAFIA “O livro oferece uma radiografia de um processo eleitoral, por dentro dele, sem mistificações, sem mentiras. Mostra o que ocorre quando um candidato, no caso o irmão do autor, disputava o cargo mais importante da República Romana”, diz Bignotto.
O filósofo aponta outro aspecto importante no texto escrito há mais de 2 mil anos. “Essa eleição se desenrola não muito antes do final da República, quando eles seriam assassinados. É a combinação de um olhar realista do processo eleitoral, muito semelhante ao nosso, para um processo de crise que nos ensina as fragilidades dessa relação de liberdade.
Apesar do oportuno momento para se debater o tema, em meio à disputa pela Presidência do Brasil, Bignotto alerta para a necessidade de critério com as comparações em relação aos dias atuais. “Temos que ser um pouco prudentes. É um processo eleitoral diferente do que temos hoje. Mulheres não votavam, escravos também não, e o dia da eleição era muito complexo. Não era um processo que mais tarde chamaríamos de democrático. Dito isso, assim como agora, trata-se de uma eleição num período de grave crise e Lúcio Sérgio Catilina, um dos candidatos que disputou contra Cicero, viria a intervir no processo para dar um golpe de Estado. Cicero se dá conta, enquanto cônsul, e consegue debelar”, relata Bignotto.
A inauguração do Outlet de Livros vai na contramão da tendência de fechamento de lojas físicas em detrimento do comércio on-line.
“Identificamos uma boa oportunidade para uma loja física, não só para quem comprar no site poder retirar o produto no local, se preferir, mas também para ir à loja, como muitos ainda gostam de fazer. No site, por mais prática que seja a experiência, existem limitações. Na loja temos a experiência sensorial de folhear, ver novas capas. Na internet vendemos mais livros cujo comprador já sabe o que quer”, explica o CEO do Grupo Acaiaca, que engloba o e-commerce e a loja física Outlet de Livro.
Se nos outlets de vestuário figuram coleções antigas, no literário as prateleiras serão ocupadas por “livros de baixo giro que compramos das editoras ou livros de que a editora quer se desfazer”, como explica Guimarães. Segundo ele, o diferencial é uma curadoria cuidadosa feita pela equipe, que dispõe de um acervo de 12 mil títulos, à venda na internet, dos quais cerca de 3 mil estarão na loja física. “As pessoas associam outlet a ponta de estoque, mas, no nosso caso, são livros novos, criteriosamente selecionados por nós. Nossa proposta é uma loja bem disposta, organizada por preço, assuntos e bem enxuta”, afirma.
MODELO As chamadas megastores se popularizaram no Brasil a partir do final dos anos 1990, mas, atualmente, enfrentam dificuldades. José Henrique argumenta que a crise não é do mercado literário – cujas vendas no varejo cresceram 6,15% em 2017, em relação ao ano anterior, e 9,8% até agora, em 2018, segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) –, mas do modelo de negócios.
“Queremos explorar esse mercado crescente.
Nesse contexto, o Outlet de Livros apresenta arquitetura e design bem mais simplificados do que sua antecessora no local, a Mineiriana, que anunciou seu fechamento em 2015 devido a dificuldades de fazer face ao aluguel do espaço e viabilizar o negócio. Nas prateleiras do novo espaço, clássicos da literatura nacional, como Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro (R$ 29,90) ou No Urubuquaquá, no Pinhém, de João Guimarães Rosa, livros universitários, a exemplo de Direito processual do trabalho, de Sérgio Pinto Martins (R$ 29,90), além de títulos importados.
Como ganhar uma eleição – Um manual político da Antiguidade Clássica para os dias de hoje
• Editora Bazar do Tempo, 124 págs.
• R$ 42
• Sempre um Papo com debate sobre o livro entre Newton Bignotto e Heloisa Starling, às 19h30 desta quarta (10), no Outlet de Livros (Rua Paraíba, 1.419, Savassi). Entrada franca. A livraria funciona de segunda a sexta, das 9h às 19h, e aos sábados, das 9h às 14h..