Hábito solitário, a leitura pode ser mais produtiva quando compartilhada. Neste sábado (6), duas ações se voltaram para o debate sobre o mercado literário e o processo criativo de maneira informal, recorrendo à interação e à oralidade. Entre um bate-papo e outro com escritores, vale até um gole de café.
Com o objetivo de promover a literatura em ambientes menos solenes, o projeto Clic convida autores e referências da cena das letras para falar do ofício em cafeterias da capital. Esta tarde, Ana Elisa Ribeiro, Brisa Marques e Estrela Leminski estarão no Floresça Café. Bebidas e comidas foram elaboradas especialmente para a ocasião.
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Poesia não necessita de formalidade, defende Ana Elisa. “Ela tem como característica a capacidade de circular. Atravessa suportes, o tempo, situações políticas boas ou ruins, todas as circunstâncias.” A diversidade é sempre positiva, acredita. “Em tempos como os de hoje, todas as iniciativas para difundir a literatura são boas, em qualquer formato. Temos muitos eventos, cada um com suas características. Ainda bem."
TRUQUES Neste sábado de manhã, a romancista Laura Cohen vai compartilhar seu processo criativo com o público, no Memorial Minas Gerais Vale. No bate-papo, ela pretende “desmontar o jogo e mostrar os truques” de sua escrita. O objetivo é desmistificar a ideia de que a autoria de um romance é ato solitário.
“Por mais que a escrita seja uma iniciativa individual, os momentos de edição, publicação e leitura são coletivos. Fora isso, o próprio processo criativo sofre influência de diversas instâncias”, explica Laura.
Autora de três romances – História da água (2012), Ainda (2014) e Canção sem palavras (2017) – e de um livro de poemas – Ferro (2016) –, Laura diz que eles têm em comum elementos como música, memória, permanência, desaparecimento e relações familiares.
O romance depende de três fatores, de acordo com a escritora: musa, autoria e leitor. “Chamo de musa tudo aquilo que se insere na escrita e não sabemos definir. Pode ser a ideia que surge ao tomar banho, a encenação de um fato ou a pesquisa que o autor desenvolve para elaborar seu livro. Na criação artística, há sempre a parcela que não entendemos muito bem de onde vem, talvez porque não seja necessário entender”, observa.
Em encontros como os de hoje, o autor tem a oportunidade de experimentar a oralidade, em diálogo direto com o leitor.“Com essa partilha, consigo dar o pulo do gato como escritora. São momentos catalizadores para meu trabalho. Ao falar sobre minha escrita e explicá-la, é como se explicasse a mim mesma. Até porque quando começamos uma criação, não entendemos ao certo o que estamos fazendo”, conclui Laura Cohen.
CLIC – CIRCUITO DE LITERATURA E CAFÉS
Neste sábado (6), a partir das 14h. Conversa com Ana Elisa Ribeiro, Brisa Marques e Estrela Leminski. Floresça Café. Rua Rio Grande do Norte, 311, Santa Efigênia, (31) 98447-9055. Entrada franca.
Quinta-feira (11), às 18h, lançamento de O filho mais velho de Deus e/ou Livro IV, de Lourenço Mutarelli. A Central. Praça Rui Barbosa, 104, Centro. Entrada franca.
PROJETO IDEOGRAFIAS
Neste sábado (6), às 10h30. Bate-papo com Laura Cohen. Auditório do Memorial Minas Gerais Vale. Praça da Liberdade, 640, Funcionários. (31) 3308-4000. Entrada franca.