A versão do pai, novo romance de Maurício Lara, encerra a trilogia em que o autor narra, a partir de diferentes personagens, a trajetória da mesma família. O primeiro título, O filho corrupto (2015), mostra as descobertas de um professor depois da morte de seu pai, empresário envolvido em esquemas escusos. O jardim de Leocádia (2017) acompanha os conflitos do clã sob a ótica da matriarca. O terceiro, que será lançado na manhã deste sábado (15), na Livraria Ouvidor, traz o rico e corrupto patriarca Rubens Rocha como personagem central.
“Quando escrevi O filho corrupto, achava que já era uma história completa”, revela o autor, que, inicialmente, não tinha em mente dar continuidade à trama. “A matriarca era muito ligada às flores. De repente, veio a ideia de escrever sobre o jardim de Leocádia, no sentido metafórico, em alusão a tudo o que ocorria à volta da personagem. Quando concluí O jardim de Leocádia, pensei: e o vilão, não vai falar nada.? Assim surgiu o terceiro livro, que completa a história dessa família sob diferentes prismas”, diz Lara.
Em A versão do pai, acompanhamos a trajetória de Rubens Rocha da infância até ele se tornar o pouco ético, mas respeitado, homem de negócios. O autor lança um olhar sensível sobre uma figura quase sempre demonizada: o corrupto.
“Algumas poucas pessoas que já leram disseram: estou com medo de gostar dele”, conta Maurício Lara.
Humanizar Rubens não impede que ele seja classificado como vilão. “Em nenhum momento tento justificar a trajetória ou o mau comportamento do personagem. Como qualquer ser humano, ele tem qualidades e defeitos, mas não há desculpa para seus atos. Ele permanece vilão por questões objetivas. Mostro que mesmo os vilões são humanos e que nada relativo ao homem é inverossímil”, diz o escritor.
TRILOGIA “O primeiro livro nasceu da tentativa de mostrar como as coisas se dão. Quis pôr aquele filho como um personagem importante.
Pai, mãe e filho têm personalidades totalmente opostas. Nos romances dedicados a cada um, o autor mantém o tom dramático, mas destaca diferenças nos estilos das três publicações. “São livros paralelos, apenas com pontos em comum. O terceiro traz um viés mais psicológico, é mais profundo no entendimento do personagem principal”, diz Maurício. “Minha tendência é falar sobre a luta do bem e do mal dentro do ser humano.
Jornalista, Maurício revela que os 35 anos de carreira ajudaram o seu processo criativo. Hoje, longe das reportagens, ele guarda memórias dos tempos em que trabalhou com política e atuou como assessor de comunicação de candidatos.
“Toda a minha experiência no jornalismo é acompanhada de um turbilhão de histórias e personagens que conheci. Ao escrever, misturo a ficção com fragmentos da realidade. Quando jornalistas escrevem ficção, a maior dificuldade é justamente romper com o real”, explica. A experiência permitiu, em seu novo livro, falar com propriedade sobre o enriquecimento de empresários brasileiros e a relação destes com o poder.
“Senti necessidade de escrever o terceiro livro para tratar da incompletude do ser humano. Acredito que a história se encerra aqui”, afirma Maurício. O autor já pensa em um novo romance, situado em outro contexto. “Tenho nove livros publicados, esse é o sexto romance. Cinco foram escritos de 2015 pra cá. Não há mais jeito de parar”, brinca.
A VERSÃO DO PAI
• De Maurício Lara
• Editora Ramalhete
• 192 páginas
• R$ 40
• Lançamento neste sábado (15), a partir das 10h30.