Uai Entretenimento

Seja você também amigo de instituição cultural em Minas Gerais

O engenheiro Marcelo Kawencki e a esposa Roberta (dir) e o filho Otávio nos jardins de Inhotim - Foto: Inhotim/DivulgaçãoComo comprova o trágico incêndio no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, o Brasil não é um país conhecido por valorizar a própria cultura. No entanto, Minas Gerais oferece exemplos de cidadãos que contribuem diretamente para garantir a permanência e o bom andamento de projetos e instituições culturais. O Instituto Inhotim, a Orquestra Filarmônica e o Grupo Corpo têm sociedades de amigos dispostos a desembolsos mensais para ajudá-los a manter seu padrão de qualidade.

Criado em 2011, o programa Amigos do Inhotim hoje conta com 644 inscritos, cujas doações são destinadas a ações de manutenção, conservação e pesquisa. As adesões são anuais e divididas em categorias – jovem, individual, idoso, família, benfeitor, máster e mecenas. As contribuições são a partir de R$ 140 e podem ser feitas com benefício das leis de renúncia fiscal (quando o contribuinte destina ao projeto cultural parte de seu Imposto de Renda devido). O Inhotim retribui a gentileza de seus amigos oficiais com mimos como entrada gratuita durante todo o ano, cota de cortesias e descontos em suas lojas e restaurantes.
Melissa e o namorado Roberto são amigos de Inhotim e sempre participam dos eventos como o MecaInhotim - Foto: Acervo pessoal
O engenheiro Marcelo Kawencki, que frequenta o espaço com sua mulher, Roberta, desde sua inauguração, diz que o casal foi dos primeiros a aderir ao projeto de colaboração. “Isso é muito comum em museus na Europa. Optamos pela categoria família.

Tempos depois, nasceu nosso filho e ele já entrou no programa também”, conta. Os pais dizem que o pequeno Otávio, de 5 anos, conhece o Inhotim desde que estava na barriga da mãe. “É um espaço ótimo para crianças, por causa da natureza. Quando estava na fase de estímulos, Otávio ficava encantado com as cores, com as esculturas. Ele chega na lojinha e fica fascinado. Já tem vários livros sobre Inhotim. Daqui a pouco vai virar guia”, brinca o pai.

CAMINHO Embora reconheça as vantagens de participar do programa, como não enfrentar filas e ter acesso livre ao museu, Marcelo diz que a principal regalia para ele é poder colaborar com um lugar que considera único no mundo.
“Acho que não existe algo similar em outro lugar do planeta. Acredito que museus e fundações particulares são muito mais bem geridos do que os públicos. Se Inhotim caísse nas mãos do Estado, seria terrível. Por isso acho que o caminho é por aí. Contar com a colaboração dos cidadãos e de empresas.”

Mesmo morando a cerca de 700 quilômetros de Inhotim, Melissa Fayad faz questão de ser amiga do Instituto. “Sou de Uberlândia, mas vivo em Brasília. Meu namorado é formado em artes e por meio dele conheci o Inhotim. Quis me associar e vou lá umas quatro ou cinco vezes ao ano”, conta.
Melissa diz que ela e o namorado já fizeram um desvio de percurso de 800 quilômetros numa viagem à Bahia somente para passar uma tarde em Inhotim. “Todo mundo me pergunta por que gosto tanto de lá. Inhotim é muito particular para mim. É mágico, especial. Hoje em dia, as pessoas ficam sempre em contato com tecnologia, informação, que é a área em que atuo, aliás, e estão se esquecendo de valorizar o que é o belo”, avalia Melissa, que, além das obras de arte, é apaixonada pela natureza e pelo paisagismo do museu mineiro. Para ela, “mais do que todos os benefícios, o importante em ser amigo (do Instituto) é a questão da consciência como cidadã”.
O empresário Eduardo Vaz faz questão de colaborar com a Orquestra Filarmônica de Minas Geraes - Foto: Líder Aviação/Divulgação
A analista de sistemas Flávia Azzi, que tem sua amizade com o Inhotim oficializada há quatro anos, e mantém isso “como um compromisso”, destaca o aspecto da necessidade de valorização dos tesouros culturais mineiros. “Sou mineira de alma e coração e acho que temos que valorizar nossas coisas. Mais do que uma amiga, sou uma divulgadora de Inhotim”, diz. Flávia avalia que, além de promover e divulgar as artes e a cultura, o Instituto tem um papel no incentivo ao turismo. “Essa pode ser uma maneira de preservar a nossa cultura, a nossa história.
Apesar de já pagarmos impostos pesadíssimos, temos que fazer a nossa parte”, opina.

A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais também tem iniciativa similar. Com o Amigos da Filarmônica, a instituição busca o apoio de pessoas físicas em favor da Programação Educacional da Orquestra, por meio de contribuições diretas (a partir de R$ 20) ou incentivadas, que são declaradas e abatidas no Imposto de Renda Pessoa Física. No próximo dia 25, começa a campanha para a quarta edição da empreitada. As contribuições são fundamentais para a execução dos quatro programas de cunho educacional que têm como foco a formação de público para a música clássica, o incentivo a novos compositores e o aprimoramento de jovens regentes. Além disso, dependendo da categoria em que se inscreverem, os amigos ganham entradas para alguns concertos da orquestra, acesso aos ensaios e visita guiada à Sala Minas Gerais.

O empresário Eduardo Vaz não pensou duas vezes quando soube do projeto e não apenas aderiu ao Amigos da Filarmônica como o divulgou dentro da empresa que preside, a Líder Aviação. Vaz ressalta a importância da orquestra no cenário da música clássica nacional. “Não só pela qualidade de seu corpo artístico e dos regentes, mas pela sua sede, a Sala Minas Gerais, que é uma referência. Belo Horizonte e Minas Gerais são muitos carentes de instituições culturais com uma qualidade assim. Mesmo com a crise que atravessamos, não poderia deixar de apoiar e patrocinar essa iniciativa”, afirma.

O executivo avalia que, neste momento de crise que o Brasil atravessa em diversos campos, a valorização da arte é especialmente importante e pode contribuir para elevar a autoestima e a dignidade dos brasileiros. “Essa prática de doações precisa ser mais disseminada no país.
Se queremos ter uma sociedade mais civilizada, temos que investir em cultura, arte, história.”

Assinante de uma das séries de programação da Filarmônica, o economista aposentado Geraldo Magela decidiu se tornar também amigo da orquestra. Apaixonado por música clássica, ele chegou a tocar piano na juventude. Mas teve que abrir mão do instrumento para se dedicar à faculdade de economia. “Agora que me aposentei, voltei para o piano. Música clássica eleva o sentimento. Desde que a Filarmônica surgiu trazendo essa música de excelência, procuro contribuir de alguma forma. E não me arrependo”, afirma.

O economista diz que, para ele, não há entretenimento melhor do que ir à Sala Minas Gerais ouvir a Filarmônica. “Faço questão de sempre levar amigos e até pessoas de fora para conhecer, até porque, entre os benefícios (de ser amigo da Filarmônica), a gente tem ingressos disponíveis. É muito gratificante poder fazer parte disso”, diz. Também assinante de duas séries e amiga da Filarmônica, a psicóloga Maria Inês Tavares Pinto Coelho foi conferir in loco uma das contrapartidas da iniciativa e assistiu a um dos programas beneficiados pelo projeto – o Concertos Didáticos, em que alunos de escolas municipais e estaduais têm a oportunidade de se aproximar da música clássica. “Quando o maestro Marcos Arakaki perguntou quem nunca tinha visto uma orquestra, 90% levantaram a mão. Daí a importância de um projeto como esse. Fiquei impressionada em ver o fascínio e o interesse daquelas crianças”, conta. Inês se diz extremamente satisfeita em poder colaborar de alguma maneira e, em breve, quer fazer parte de outra associação, a Amigos do Corpo. “É outra instituição cultural que desenvolve um trabalho maravilhoso e de qualidade. Ele é mais recente, então estou me inteirando para aderir”, diz.


Seguindo uma tendência mundial de participação e proximidade entre público e artista, a Amigos do Corpo foi criada há três anos e recebe contribuições a partir de R$ 350 anuais. “O programa é voltado tanto para pessoas físicas quanto jurídicas. Mais do que garantir um lugar na plateia, assistir aos ensaios ou conhecer nossa sede, o foco é o exercício da cidadania”, afirma Cláudia Ribeiro, diretora de programação do Grupo Corpo.

O artista plástico José Alberto Nemer convive com os irmãos Pederneiras desde que eles criaram a companhia, em meados dos anos 1970. Nemer chegou a assinar os textos de dois espetáculos do Corpo: 21 (1992) e o mais recente, Gira (2017). Quando soube da criação do projeto Amigos do Corpo, não titubeou. “Tenho uma grande admiração não só pelos espetáculos, as coreografias, mas pela administração e pela condução do grupo. Essa associação só veio coroar todo esse trabalho. Eu não poderia deixar de participar e de ser amigo de um grupo que tanto admiro”, celebra.

Aceitam-se amigos

Saiba onde encontrar mais informações
sobre os programas de mecenato


»   GRUPO CORPO

amigosdocorpo.com.br

»   ORQUESTRA FILARMÔNICA DE MINAS GERAIS
Site: filarmonica.art.br;
e-mail: amigos@filarmonica.art.br;
telefone: (31) 3219-9029.

»   INSTITUTO INHOTIM

www.inhotim.org.br/apoie

.