Na TV, no cinema e no teatro foram inúmeros papéis ao longo de 52 anos de carreira. No entanto, na noite desta segunda-feira, 3, Antonio Fagundes esteve em Belo Horizonte para falar sobre a experiência inédita de ser tema de um livro. Biografado pela pesquisadora e professora Rosangela Patriota, ele falou ao público da capital sobre o livro e comentou alguns dos temas contados na publicação, durante o evento Sempre Um Papo, realizado no Auditório da Cemig, no Santo Agostinho.
Em uma hora e quarenta minutos de bate-papo mediado pelo jornalista Afonso Borges, idealizador do projeto, ele e a autora falaram sobre a publicação Antonio Fagundes - No palco da história: um ator (saiba mais aqui sobre o livro), que é debruçada essencialmente sobre a trajetória de Fagundes nos palcos. “Não é uma biografia tradicional. É baseada nele (Antonio Fagundes) no meandro da discussão política e social do teatro brasileiro. Me interessava observar a singularidade dele. Tinha isso como ideia e terminei com convicção: é um artista raro no Brasil”, afirmou Rosangela.
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Em BH, Antonio Fagundes participa do projeto Sempre Um PapoLivro reúne todas as crônicas de Clarice Lispector Quem manda no perfil da Turma da Mônica no Twitter é o filho da... Mônica!Milton Jung lança em BH livro que aborda política de forma simples e caseiraA conversa resgatou a polêmica envolvendo biografias e grandes artistas do país, que criaram o movimento Procure Saber, em 2013, com o propósito de restringir esse tipo de publicação quando não autorizada. Rosangela lembrou o fato para fazer novos elogios ao biografado. “Em momento algum me senti ameaçada ou incomodada. Fagundes tem uma vivência de respeitar o outro, porque ele também é um intelectual. Sempre confiou e sempre respeitou o trabalho intelectual”, disse a pesquisadora, que fez questão de enaltecer o financiamento público que teve para realizar a obra, através da bolsa do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Em conversa com a reportagem após o bate-papo aberto ao público, ela defendeu os incentivos à pesquisa, sobretudo diante do incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, na noite de domingo.
LEI ROUANET, MUSEU NACIONAL E DITADURA
Temas polêmicos também apareceram no momento em que o público pôde fazer perguntas aos convidados. Indagado sobre a eficiência da Lei Rouanet, Fagundes disse que se fosse eleito governante “acabaria com ela”. “Não sou a pessoa mais indicada para falar sobre a Lei Rouanet, porque há 52 anos eu trabalho sem patrocínio.
O incêndio no Museu Nacional também foi alvo de uma das perguntas. O ator categorizou o episódio como “o fim de uma perda”. “Ele vinha sendo destruído há tempos. Não podemos culpar um governo só. São muitos os culpados Infelizmente será o primeiro de uma longa série porque existem inúmeros museus nessa condições. Se nada for feito, vamos perder tudo”.
Com exclusividade ao EM, ele comentou sobre o tema e alertou para as perdas de liberdade no contexto atual do país, mesmo no regime democrático. “Não sei se a gente está vivendo essa liberdade. Estamos vivendo um momento bastante delicado e é preciso dar dois passinhos atrás para perceber. As palavras de ordem estão tomando conta da discussão pública de ideias. Você é atacado por ter uma opinião e isso é uma perda da liberdade de expressão, não só do artista, mas da população em geral”, ponderou.
A presença de muitos fãs e admiradores entre a plateia trouxe para debate também sua carreira televisivas. Uma mãe acompanhada da filha perguntaram sobre a série Carga pesada, cuja primeira temporada foi exibida entre 1979 e 1981 e a segunda entre 2003 e 2007 pela TV Globo. Além de dizer que Stênio Garcia, com quem dividia o protagonismo, se tornou “mais que amigo, mas um irmão”, ele classificou como “muito difícil” a possibilidade de uma nova temporada e justificou contando sobre dificuldades que enfrentaram já em 2003.
“No começo da segunda temporada teve uma cena em que eu e o Stênio tínhamos que correr e subir no caminhão. Depois nos sentamos, cansados, e ele falou, ‘esse caminhão está mais alto?’ e eu respondi: ‘sim, 25 anos mais alto’’, relemrbou o ator hoje com 69 anos.
Veja o que ele disse sobre a participação no Sempre Um Papo:
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