A exposição da Casa Fiat tem atraído 1,5 mil pessoas nos dias úteis e 1,7 mil nos fins de semana. Parte desse sucesso se deve à interatividade. É o caso da servidora pública Carolina de Brito Morais, de 32 anos, que viajou até a cidade italiana de Assis, em 2015. Ela ficou impressionada com a visita virtual possibilitada pela tecnologia 3D. “Gosto muito desta sensação.
A mesma experiência foi vivenciada pela advogada Rafaela de Oliveira, de 36. Para ela, a tecnologia permite a quem não tem recursos fazer uma “viagem internacional”. A advogada Renata Toscano, de 37, diz que o bom uso da tecnologia traz benefícios para o espectador. “É como se estivéssemos entrando no lugar. O giro em 360 graus nos aproxima da realidade.”
Clarita Gonzaga, coordenadora do programa educativo da mostra, lembra que a Casa Fiat de Cultura foi concebida como um espaço de interatividade. Além de o público poder interagir com as obras das exposições, tem a opção de criar seus próprios trabalhos no ateliê aberto oferecido pela instituição.
PIONEIRA
A exposição Dobras da memória, em homenagem à paulista Amelia Toledo (1926-2017), será aberta sábado (1º/9), na Galeria Murilo Castro. Sob a curadoria de Marcus Lontra Costa, exibe diferentes fases do trabalho da autora, precursora da arte interativa no Brasil.
“A interatividade é muito marcante na obra de Amelia.
Amelia era uma pesquisadora interessada em explorar as características dos materiais. “Ela foi uma grande dama da contracultura no Brasil. Já na década de 1960, entendeu a importância da interatividade”, explica Marcus Lontra.
Desenhe como Basquiat
No CCBB, duas exposições convocam o espectador a participar. A mostra dedicada a Basquiat conta com um espaço ateliê onde o visitante pode desenhar e ver seus próprios traços projetados na tela. Ali estão obras interativas criadas por Os Gemeos, Alex Hornest e Rimon Guimarães, além de telas de Fefe Talavera, Saci Pedro, Nunca, Mag Magrela, Raphael Sagarra (Finok), Carlos Dias/Aoseualcance, Ise, Herbert Baglioni e Rodrigo Branco.
Na exposição Museu do futebol na área, o visitante ouve a narração de gols históricos, assiste a vídeos e pode brincar com jogos eletrônicos.
Para ele, a interatividade democratiza o acesso às artes. “Trazemos o público que não está acostumado a ir a museus.” Nonnenmacher cita como exemplo o sucesso do Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), no início do ano. Formado só por obras interativas, recebeu 170 mil pessoas, o segundo maior público do CCBB em seus cinco anos de funcionamento. O público só foi menor do que o da exposição ComCiência, de Patricia Piccinini.
Convite para sentir a obra
Em Inhotim, o visitante interage de diferentes formas com as obras. “A noção que o público tem é de que interagir é tocar, mas essa percepção limita nossas opções. As pessoas tocam tudo apenas por tocar, sem a possibilidade de interagir de outra forma. Às vezes, elas ignoram cheiros e imagens que são fugazes”, afirma María Eugenia Salcedo, diretora artística-adjunta do centro de arte mineiro.
Inhotim abriga trabalhos assinados por destaques da arte contemporânea.
De acordo com ela, o conceito de interatividade surgiu como uma forma de ressignificar os museus, que, muitas vezes, são vistos como locais parados no tempo. “É quase moda falar em interatividade ligada às novas mídias de comunicação”, observa.
No entanto, a proposta do centro mineiro amplia a ideia de interatividade. “Inhotim é interativo por excelência. O visitante afeta e se deixa afetar por aquele ambiente, evoca sensações e memórias. Quando a pessoa interage, as memórias, sensações e emoções encontram ressonância e campos de ligação com aquilo que está na frente”, diz.
María Eugenia cita como exemplo a obra Sonic pavilion (conhecida como Som da Terra), de Doug Aitken. “Ela ativa nossas sensações. No momento em que você entra no espaço, a audição é ativada.”
AGENDA
DOBRAS DA MEMÓRIA – AMELIA TOLEDO
Abertura no sábado (1º/9), das 10h às 17h. Galeria Murilo Castro.
JEAN-MICHEL BASQUIAT – OBRAS DA COLEÇÃO MUGRABI
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. Até 24 de setembro. Funciona de quarta a segunda-feira, das 9h às 21h. Entrada franca.
MUSEU DO FUTEBOL NA ÁREA
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400. Até 15 de outubro. Funciona de quarta a segunda-feira, das 9h às 21h. Entrada franca.
SÃO FRANCISCO NA ARTE DE MESTRES ITALIANOS
Casa Fiat. Praça da Liberdade, 10, Funcionários, (31) 3289-8900. Até 21 de outubro. Funciona de terça a sexta-feira, das 10h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h. Entrada franca.
SONIC PAVILION
Inhotim. Em Brumadinho, acesso pelo KM 500 da BR-381, (31) 3571-9700. Funciona de terça a sexta-feira, das 9h30 às 16h30; sábado, domingo e feriado, das 9h30 às 17h30. Ingressos: R$ 44 (inteira) e R$ 22 (meia-entrada). Entrada franca na quarta-feira. Assinantes do Estado de Minas têm desconto de 50% na compra de dois ingressos..