Aos 88 anos de idade, a atriz Fernanda Montenegro tem fôlego de adolescente para recordar as alegrias do ofício que abraçou há 55 anos. Nesta sexta-feira, depois de falar por quase uma hora para plateia de 500 pessoas, no teatro do Sesc Palladium, em Belo Horizonte, a atriz recebeu um a um para cumprimentos e autográfos no livro Fernanda Montenegro - Itinerário fotobiográfico (Edições Sesc, 500 páginas). Ao lado do diretor do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda, Fernanda não esmoreceu ao longo de duas horas com caneta em punho.
Leia Mais
Lançamento do livro Fernanda Montenegro - Itinerário Fotobiográfico Fernanda Montenegro diz que Congresso é brutalAo lançar 'Eufrates', escritor André de Leones sai em defesa da amizade como a salvaçãoImigração é tema de mostra do pernambucano Cuquinha, na FunarteDas recordações, Fernanda lembrou dos tempos onde as temporadas de teatro era longas. Com É... de Millor Fernandes, ficou em cartaz por quatro anos.
Para Fernanda, há uma herança no teatro brasileiro desde João Caetano que, em 1830, era ator empresário da companhia e corajosamente começou um repertório brasileiro também. "A partir daí, até a minha geração, o teatro dramático, um ator, uma atriz comandava o elenco, ia aos bancos se endividando e com plateias que nos acompanhavam pela vida afora. Acho que isso está acabado. Um tempo que se extingiu. Hoje o processo é na medida do possível. Um monólogo, um diálogo, triálogo já é um perigo. Dois, três dias por semana. Estamos em tempo de espera", avaliou.
"Essa atriz extraordinária, pessoa fantástica, traz dentro de si uma história vastíssima, importantíssima da nossa vida cultura nos últimos 70 anos. Algo extraordinário. São poucos os países, são poucas as nações que podem recolher esse material, dessa forma, numa pessoa como a Fernanda", elogiou Danilo Miranda. O diretor do Sesc lembrou que o trabalho de seleção de fotos, cartas, artigos que estão no livro foi feito pela própria Fernanda e fez questão de frisar que a obra não conta a história exclusiva de uma pessoa."Trata-se de um momento da história de um país inteiro. Temos diante de nós a filha de operários, suburbanos do Rio de Janeiro, que teve a oportunidade de iniciar a carreira como locutora na Rádio Ministério da Educação e descobriu por acaso o teatro e mergulhou nessa aventura de maneira forte, intensa", afirmou.