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Lucas Nobile lança biografia do compositor Raphael Rabello

Clara Nunes dizia que ele era o melhor violão do samba. Tom Jobim e Radamés Gnatalli eram fãs. E também o espanhol Paco de Lucia, que virou parceiro. O violonista e compositor Raphael Rabello, nascido em 1962 e morto precocemente em 1995, aos 32 anos, é o assunto do livro Raphael Rabello: o violão em erupção, do jornalista Lucas Nobile. A obra dá conta da vida e da obra do menino prodígio que ficou mais conhecido por reinventar o violão de sete cordas, historicamente responsável pelo acompanhamento em grupo de choro e samba e que ele transformou em instrumento solista.

Nobile consegue se equilibrar entre narrar a história pessoal e a evolução musical do menino que começou a carreira profissional aos 13 anos, fez mais de 600 gravações, gravou 19 discos lançados em vida e seis póstumos. Metódico e fascinado a ponto de imitar até as roupas e os óculos de seu grande ídolo e mestre, Dino 7 Cordas, Raphael teve sua trajetória dissecada pelo autor depois de ter documentos e lembranças liberadas pela família, de fazer mais de 100 entrevistas e reunir fotos, depoimentos e registros musicais raros e pouco óbvios.

No livro estão elencadas todas as composições, as participações em discos alheios, os discos gravados, os registros visuais de dezenas de encontros importantes. E a história é contada com respeito e acuidade, investigando os motivos para que ele fosse considerado um gênio do violão e os processos para chegar ao estilo virtuoso e original.

Entre os destaques que as novas gerações – que não tiveram o prazer de assistir ao vivo seus shows, ou nem sequer ouviram seus discos – precisam conhecer estão encontros preciosos. Um deles é o disco À flor da pele, que revelou uma surpreendente faceta intimista à carreira de Ney Matogrosso, em 1990; a revitalização da imagem de Elizeth Cardoso no ano seguinte, com Todo o sentimento; o dueto consagrador com seu mestre, também em 1991 (com o álbum Raphael Rabello & Dino 7 Cordas); os monumentais tributos a Garoto, Dilermando Reis, Radamés Gnatalli e Jacob do Bandolim; o dueto sofisticado com Nelson Gonçalves em 2002 (no CD A voz e violão ao vivo); a eletricidade contagiante do disco com Armandinho (Em concerto, de 1997) e o aceno para uma consolidação da carreira internacional no CD Cry my guitar.

O livro traz documentos raros – uma carta de próprio punho para um possível patrocinador e as anotações do luthier Mario Jorge Passos com as características que um violão encomendado para ele deveriam ter –, fazendo com que possa ser considerado a biografia definitiva de um estilista exuberante e um personagem que marcou seu tempo.



RAPHAEL RABELLO: O VIOLÃO EM ERUPÇÃO
De Lucas Nobile
Editora 34
352 páginas
R$ 64.