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Guto Muniz expande seu trabalho como fotógrafo de espetáculos teatrais

Quadro feito a partir da foto - Foto: GUTO MUNIZ/DIVULGAÇÃO
Foi na faculdade, durante a década de 1980, que Guto Muniz decidiu unir suas duas paixões – teatro e fotografia. O então estudante de publicidade teve aulas de artes cênicas logo no primeiro período e chegou a integrar uma montagem de sua turma, no final daquele semestre. Mas sua vocação estava fora de cena, mais especificamente, na fronteira entre palco e plateia.
A atriz Teuda Bara em A rua da amargura, do Grupo Galpão, que ganhou a forma de camiseta - Foto: GUTO MUNIZ/DIVULGAÇÃO
Guto começou a fotografar espetáculos em 1987 e associou seu nome ao melhor da produção teatral da capital mineira. Hoje, com 31 anos de carreira, ele expandiu seu trabalho, transformando registros de alguns dos melhores espetáculos encenados em BH em peças de vestuário e objetos de decoração, por meio da grife Cena Vestida e do selo Cena em Quadros. No site Foco em Cena ele mantém um acervo com boa parte dos cerca de 2 mil espetáculos que fotografou até aqui.

Um dos primeiros a migrar do filme para a fotografia digital em BH, Guto descreve assim a sua trajetória: “As técnicas foram evoluindo e meu trabalho também foi amadurecendo, no sentido de entender a cena, o movimento nos palcos, além de questões técnicas, como posicionamento, que também passaram por uma evolução”. Ainda que alie à técnica um olhar subjetivo, o fotógrafo recusa ser qualificado como artista. “Quando fotografo um espetáculo, o que faço é essencialmente retratar um trabalho artístico. É simplesmente um trabalho de documentação daquela arte.”

Outra vertente de seu trabalho é desenvolvida como professor universitário e associa fotografia e arquitetura.

No Conservatório UFMG, o professor está à frente do Núcleo de Estudos Fotografia, Arte e Cultura (FAC), criado e coordenado em parceria com Beto Eterovick e Madu Dorella. “São diversos módulos de ensino com foco na linguagem fotográfica. Não são cursos técnicos, que ensinam a fotografar, mas que desenvolvem o olhar do aluno dentro da fotografia”, explica.
- Foto: GUTO MUNIZ/DIVULGAÇÃO
Embora tenha reconhecido domínio nos registros de palco, ele se diz fascinado por montagens em espaços alternativos. Das incontáveis apresentações que viu de perto, uma o marcou especialmente, a Trilogia Bíblica do Teatro da Vertigem (Paraíso perdido, O livro de Jó e Apocalipse), que passou por BH em 2004, com suas encenações realizadas em uma igreja, um presídio e um hospital. Outro momento inesquecível para o fotógrafo foi a seminal montagem de Romeu e Julieta pelo Grupo Galpão.

Das 13 edições já realizadas do Festival Internacional de Teatro (FIT-BH), Guto Muniz cobriu 12. Ele aponta ainda o trabalho feito no Festival Mundial de Circo e no Festival Internacional de Teatro de Bonecos como destaques em sua carreira.




ESFORÇO “O público de teatro continua muito pequeno. Temos espetáculos e companhias que conseguem uma audiência maior, mas ainda estamos muito aquém do que poderia ser”, avalia Muniz.
“Nesse momento em que a nossa cultura está tão dilacerada economicamente, existe um esforço muito grande, que não é só meu, de divulgação dos espetáculos. Meus projetos buscam promover não só o acervo, mas os espetáculos que estão em cena, dando um destaque a esses sempre que possível”, afirma.

Um canal para essa promoção é o site Foco in Cena. “O site não é feito com o intuito de ser sobre mim ou sobre a minha fotografia. É um espaço de acervo e memória das artes cênicas. Além das fotos, há sinopse, ficha técnica e várias informações de cada montagem”, assinala.

A criação da página, em 2012, partiu da necessidade do fotógrafo de levar seu trabalho – e a arte nele registrada – a um público mais amplo. Do mesmo anseio nasceram os projetos Cena em Quadros, em que suas fotografias são colocadas à venda, em telas de grandes proporções, e Cena Vestida, que leva os registros para vestuário feminino e masculino, em uma parceria com a estilista e figurinista Silma Dornas e o designer Louis Mooren.

“O Cena Vestida veio como complemento à necessidade que eu tinha de deixar todo o meu acervo à disposição da população. A moda me pareceu uma boa possibilidade de fazer com que essas imagens, tão ricas, tomassem uma expressão diferente. É como se elas tivessem vida própria e passassem a caminhar pelas ruas, ir a outros cantos da cidade”, diz o fotógrafo.

Por isso é possível caminhar por Belo Horizonte e cruzar com um instante de Isso aqui não é Gotham City (1º Ato), Nowhereland – Agora estamos aqui (Movasse) ou dar de cara com A rua da amargura (Grupo Galpão).

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