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"Os fins da arte" com lançamento hoje em BH reúne nove palestras sobre o tema


Término, conclusão. Objetivo, intenção. A palavra “fim” carrega duplo significado. A partir deste mote, o Congresso Internacional de Estética, evento sobre filosofia e estética realizado bienalmente desde 1992 em Belo Horizonte, fez uma provocação para sua 13ª edição. “Os fins da arte” foi o tema do encontro realizado em outubro de 2017 na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich) da UFMG.

É esse também o título do livro organizado pelas filósofas da arte Debora Pazetto, Giorgia Cechinato e Rachel Costa. Os fins da arte (Relicário Edições) será lançado neste sábado (14), a partir das 11h, na Quixote Livraria. O livro reúne os textos dos nove palestrantes convidados do encontro.

“Nos últimos anos o congresso tem gerado um livro. Nesta edição há uma diferença.

Estamos lançando o volume 1, com as palestras. Para um segundo volume, vamos compilar 15 textos das 84 comunicações (pessoas que se inscrevem no evento para apresentar trabalhos) que houve no evento”, comenta Rachel Costa.

O fim da arte remonta a uma discussão proposta pelo filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel, que, no início do século 19, decretou a morte da arte “do modo como a conhecíamos”, aponta Rachel, acrescentando que o pensamento hegeliano propõe outros modos “de se ancorar a produção artística”.

Na outra ponta do debate – sobre a finalidade da arte – está a filosofia kantiana. “É uma discussão anterior, que vem no século 18, quando Kant (considerado por muitos o principal filósofo da era moderna) fala sobre a não existência de utilidade da produção artística”, observa Rachel.

O texto de abertura é assinado pela professora da UERJ Márcia Gonçalves. Em “A eterna querela sobre o fim da arte na estética de Hegel”, ela “discute a ideia de um quase exagero que se lê em Hegel, já que ele não tinha a intenção de prever a dissolução da arte, mas sim de que ela adquire outro patamar social”, explica Debora Pazetto, também coorganizadora do volume.

AUTORES O filósofo alemão Gunter Gebauer também fala de Hegel no texto “O fim infinito da arte”, “mas com uma leitura bem divergente da Márcia, trabalhando com outros autores, como Nietzsche”, acrescenta Debora. Discussões kantianas estão nos textos de Rosa de Castro Gonçalves (“Finalidade sem fim, belezas livres e imaginação) e Giorgia Cecchinato (“O dever de compartilhar e a necessidade de discutir: sobre a finalidade intersubjetiva do gosto”).

Na opinião de Debora Pazetto, dois artigos devem interessar um público mais amplo, não necessariamente afeito à filosofia. Em “Hepteto e Quarteto do Paulo Moura: Sambajazz como música popular instrumental improvisada e brazilogical”, Cliff Korman, professor da UniRio com forte atuação na Escola de Música da UFMG, fala sobre a improvisação musical na música popular.

Já o pensador francês David Lapoujade encerra o volume com o artigo “A arte e seus limites”. “É um texto extremamente acessível para quem não é da filosofia.
Ele dá exemplos maravilhosos da arte (como o quadrado branco sobre fundo branco de Malevich nas artes plásticas; a massa sonora silenciosa de John Cage na música) para falar que arte tem a ver com limite e com ultrapassar este limite”, explica Debora.

Criada há cinco anos em BH por Maíra Nassif, a Relicário tem duas linhas editorais distintas: teórica, mais voltada para a academia, e literária. A partir da publicação de Como se fosse a casa, de Ana Martins Marques e Eduardo Jorge (eleito o melhor livro de 2017 pelo Prêmio Bravo!), a literatura ganhou força na editora. No fim deste mês a editora marca presença na Festa Literária de Paraty – Flip com o relançamento do livro de poesias A retornada, de Laura Erber, escritora convidada do evento.

OS FINS DA ARTE
Organização de Debora Pazetto, Giorgia Cechinato e Rachel Costa. Relicário Edições, 196 páginas, R$ 39,90. Lançamento hoje (14), a partir das 11h, na Livraria Quixote (Rua Fernandes Tourinho, 274, Savassi). .