Como pequenas marionetes, contorcem-se na carcaça de um ônibus entre o lixo a um ritmo contagiante. São os Dream Catchers (Caçadores de Sonhos), crianças de rua nigerianas cuja dança foi registrada em um vídeo que viralizou, admiradas pelas estrelas Rihanna e Naomi Campbell. Até pouco tempo atrás, os Dream Catchers, seis meninos e seis meninas entre 6 e 16 anos, não sabiam o que era uma coreografia. Nesta segunda-feira (25), dançam em um clipe do cantor nigeriano Amada em homenagem à Seleção da Nigéria, que disputa a Copa do Mundo da Rússia’ 2018, e foram vistos por milhões de pessoas nas redes sociais.
“O que fizemos este ano é enorme, fomos longe, muito longe”, diz Seyi Oluyole, professora de dança e tutora de 26 anos, que ainda não consegue acreditar na façanha alcançada por estas crianças de rua dos subúrbios de Lagos, a capital nigeriana.
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Desde então, os Dream Catchers são muito solicitados. São dias frenéticos entre prêmios e colaborações com artistas. Seyi Oluyole fundou este grupo há quatro anos para ajudar as crianças de rua de Lagos a “sonhar” e reencontrar o caminho da escola.
Seyi tinha 12 anos quando seu pai, banqueiro, perdeu seu trabalho e toda a família ficou na rua durante dois anos. “Tive a oportunidade de continuar indo à escola porque era muito importante para meus pais, mas vi de perto a miséria dos outros”, disse. Hoje, Seyi recebe uma dezena de crianças em sua casa de três ambientes transformada em um espaço de alegria. Nas paredes há retratos de ícones como Nelson Mandela, Oprah Winfrey e Serena Williams, com a frase: “Todo dia é uma segunda chance”.
Na Nigéria, quase 10,5 milhões de crianças não vão à escola, segundo o Unicef, que aponta que esta é a cifra “mais alta no mundo”. Seyi convenceu os pais a confiar as crianças a ela, e ofereceu pagar sua educação com o que ganha escrevendo roteiros para uma rede de televisão.
Busola, de olhos grandes e cabelo curto, é chamada de T-boy. Tem 13 anos e passou grande parte de sua vida pedindo esmola nos engarrafamentos de Lagos, com seu irmãozinho nos braços. Agora, sonha ter um futuro como “dançarina, atriz ou cabeleireira”, disse. “Antes, eu só falava iorubá, as outras crianças zombavam de mim”, contou Dami, de 10 anos. “Desde que vou à escola, sei ler e escrever. Minha vida mudou.”
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