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Média-metragem retrata livro escrito há 30 anos por Herbert de Souza


Caminhando pela floresta, dona centopeia encontra bichos que a criticam por ser como é. A barata com suas seis patas, o boi com quatro, o macaco com duas e a cobra sem nenhuma questionam o bichinho que tem as surpreendentes 100 patinhas. Mas ela descobre a necessidade de gostarmos de nós mesmos e que respeitar as opiniões diferentes não significa abdicar das nossas próprias ideias. Esta é a saga de A Zeropeia, única publicação infantojuvenil de Herbert de Souza, o Betinho (1935-1997), e seu livro mais vendido.


A história foi levada ao teatro, registrada em CD e, agora, vai parar nos cinemas pelas mãos de dois sobrinhos de Betinho, os irmãos Paulo Spósito e Regina Souza, com a colaboração de Daniel de Souza, filho do sociólogo e escritor mineiro. A Zeropeia - o filme vai ter lançamento nacional hoje com três sessões gratuitas e abertas ao público (sujeito à lotação), no Cineart Ponteio.


O embrião da produção de 27 minutos surgiu em 2004, quando Paulo – diretor-geral e produtor-executivo do média-metragem – coordenava em Minas Gerais a Campanha Natal sem fome, idealizada pelo tio. “Como artista, fiquei pensando como podia colaborar com esse projeto tão bacana e solidário e tive a ideia de transformar A Zeropeia em disco. A inspiração foi aquela famosa Coleção Disquinho, da Continental, que trazia disquinhos coloridos, histórias infantis e música”, conta Regina. A primeira pessoa convidada foi Vander Lee (1966-2016), seu companheiro na época e pai de sua filha, Clara, hoje com 16 anos.

“Coube ao Vander Lee fazer a moral da história, a canção Todo mundo bem. Ele conseguiu resumir muito bem todo o espírito da história do Betinho, que é o respeito às diferenças. ‘Todo mundo vai, todo mundo bem / Com as patinhas e as ideias que tem’”, ressalta Regina Souza.


O compositor Flávio Henrique – que faleceu no começo deste ano vítima de febre amarela – foi a segunda pessoa a embarcar na ideia do álbum. “Era muito próxima dele e não tinha como não chamá-lo. Depois outros artistas foram entrando – Sérgio Pererê, Chico Amaral, Marina Machado, Tizumba, Fernanda Takai, e até Marku Ribas (1947-2013). O filme não deixa de ser uma homenagem ao Vander Lee, ao Flávio e ao Marku”, destaca


O trabalho traz todas as canções do disco, mas ganhou narração do contador de histórias Roberto Carlos Ramos. A animação ficou a cargo da Immagini Animation Studios, que preservou a essência dos traços originais do livro criados por Bia Salgueiro.

A Zeropeia será disponibilizado em DVD e tem legendas em português, inglês e espanhol, além de acessibilidade com janela de libras, para deficientes auditivos e autodescrição, para deficientes visuais. O DVD ainda conta com um encarte de jogos e brincadeiras, em que as crianças poderão colorir os personagens do filme e brincar com caça palavras, jogos dos erros e ligue os pontos.


Paulo Spósito lembra que, apesar das dificuldades para concretizar o filme, principalmente do ponto de vista de recursos, A Zeropeia vai render frutos e é a primeira parte de um projeto maior que inclui transformar os outros dois livros da Coleção da Centopeia (A Centopeia que pensava e A centopeia que sonhava) também em animação. “A temática é tão atual que até assusta. Para você ter ideia, a minha filha mais nova vai encenar uma peça inspirada no livro que sempre foi adotado em várias escolas. A Zeropeia é eterna e por isso a importância de se levar adiante essa iniciativa.”

 

 

A ZEROPEIA
Lançamento do média-metragem de animação Paulo Spósito e Regina Souza. Hoje, sessões abertas ao público às 11h30, 12h15 e 13h (com janela de libras), no Cineart Ponteio (Rodovia BR-356, Ponteio Lar Shopping 2.500, Santa Lúcia). Entrada franca. DVD: R$ 30 (em lojas físicas e pelo site www.azeropeia.com.br)

 

 

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