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Exposição reúne mapas literários e representações da capital mineira desde os tempos do arraial Curral del Rei


Um olhar transversal sobre a história de Belo Horizonte, em que diferentes linguagens e propostas se cruzam para criar uma cartografia própria. Criar “mapas literários”, explorando interseções da literatura com outras linguagens artísticas, é a proposta da exposição Cartografia imaginária: a cidade e suas escritas, em cartaz na Galeria de Arte GTO do Sesc Palladium. A curadoria de Marconi Drummond e Maurício Meirelles buscou representações da capital mineira desde os tempos do arraial Curral del Rei até os dias de hoje.

A imaginação de seus moradores surge então como elemento subjetivo que compõe a memória e as relações dos habitantes com os lugares. Maurício Meirelles explica que a cidade abriga múltiplos significados e que a escolha de diversas narrativas – e aí, a escrita concebida como qualquer signo ou representação – teve a intenção de compreender o espaço concreto aliado à urbe imaginada e ressignificada por escritores, escultores, pintores, fotógrafos, arquitetos, grafiteiros, quadrinistas, pichadores e pessoas comuns que, de alguma maneira, intervieram neste mapa chamado Belo Horizonte.

A montagem foi concebida em oito núcleos, sempre com textos – poemas, trechos de livros – de escritores que discorreram sobre a cidade, independentemente de ordem cronológica. Os dois primeiros – O arraial e A cidade imaginada – trazem mapas da região antes da transferência da capital e do projeto de Aarão Reis, uma histórica fotografia da inauguração e trabalhos mais recentes de poesia e instalação. Maurício observa que Belo Horizonte já nasceu de um princípio destruidor, pois, com a exceção da casa quer abriga o Museu Histórico Abílio Barreto, todas as construções pereceram. Essa ideia de uma constante destruição e reconstrução, que apaga memórias e afetos, está sempre presente na história de BH e está representada também pelos núcleos Geografia mutilada e Desencanto urbano.

O modernismo tardio, seja na literatura ou na arquitetura, com a construção do Conjunto Arquitetônico da Pampulha, as referências aos arcos drummondianos do Viaduto Santa Tereza, também está representado em imagens de época, periódicos de vanguarda e obras que reinterpretam a ocupação da pólis de maneira crítica, propondo olhares questionadores da relação do espaço público com seus habitantes. Cartografia imaginária possibilita inúmeras abordagens e deixa no ar uma pergunta feita por diferentes gerações e que, talvez, não tenha uma resposta definitiva: O que é Belo Horizonte?


CARTOGRAFIA IMAGINÁRIA: A CIDADE E SUAS ESCRITAS
Vários artistas e linguagens, curadoria Marconi Drummond e Maurício Meirelles.

Galeria de Arte GTO do Sesc Palladium. Av. Augusto de Lima, 420, Centro. Hoje, das 9h às 21h..