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Após escândalo sexual, Academia Sueca anuncia decisão de não entregar Nobel de Liberatura

A Academia Sueca anunciou na madrugada de ontem que não entregará o Prêmio Nobel de Literatura em 2018, pela primeira vez em mais de sete décadas, em razão de um escândalo de violações e agressões sexuais. O próximo ganhador será anunciado apenas em 2019.

A decisão foi tomada durante uma reunião semanal em Estocolmo, com base na explicação de que a Academia não está em posição de escolher um vencedor, após a onda de escândalos de assédios sexuais e crimes financeiros.

Entre as duas grandes Guerras Mundiais, o Prêmio Nobel de Literatura não foi concedido em sete ocasiões: 1914, 1918, 1935, 1940, 1941, 1942 e 1943 (em nenhuma categoria o Nobel foi entregue entre 1940 e 1942). A decisão de não entregar a maior honraria literária do mundo em 2018, portanto, ocorre pela primeira vez em 75 anos.

Segundo o site oficial do prêmio, os estatutos da Fundação Nobel dizem: “Se nenhum dos trabalhos sob consideração é considerado da importância indicada no primeiro parágrafo, o prêmio em dinheiro deve ser reservado até o ano seguinte. Se, mesmo assim, o prêmio não puder ser entregue, o montante deve ser adicionado aos fundos restritos da fundação”.

Considerando as outras categorias (como medicina, física e paz), o Nobel não foi entregue em 49 oportunidades. Especificamente em 1914, 1918 e 1943, o Nobel da Paz também não foi cedido, enquanto que os de Ciências e de Medicina sim. Em 1935, nenhum candidato da literatura foi honrado, mas vencedores foram escolhidos nas outras áreas.

Os prêmios de Ciência e Medicina foram entregues todos os anos desde 1942, mas o da Paz não teve vencedores em 1972. O de Economia, que começou em 1968 e não está diretamente ligado ao testamento de Alfred Nobel, foi entregue todos os anos desde então.

“Os membros ativos da Academia Sueca estão, é claro, plenamente conscientes de que a atual crise de confiança representa importante desafio em longo prazo e requer  trabalho sólido de reforma”, afirmou o presidente, Anders Olsson, citado no comunicado.

FURACÃO A instituição está mergulhada em uma crise desde novembro, quando, no contexto da campanha mundial contra abusos sexuais, o jornal sueco Dagens Nyheter publicou os testemunhos de 18 mulheres que afirmavam ter sido violentadas, agredidas sexualmente ou assediadas por Jean-Claude Arnault, influente figura da cena cultural sueca. Arnault, marido da poetisa e membro da Academia Katarina Frostenson, negou as acusações.

Essas revelações semearam polêmica e discórdia entre os 18 membros da Academia sobre como reagir e, nas últimas semanas, seis deles decidiram renunciar, incluindo a secretária permanente, Sara Danius.

A Academia também é alvo de investigação financeira sobre a entrega de generosos subsídios ao Centro Forum, do qual Arnault e sua mulher eram coproprietários. (Estadão Conteúdo/AFP).