Rio de Janeiro, 27 - A Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, no Rio, já conseguiu arrecadar mais do que o valor necessário para montar a exposição Queermuseu: Cartografias da Diferença na Arte Brasileira - confirmada nessa terça-feira, 27, para a segunda quinzena de junho.
No ano passado, a mostra, que tem obras de artistas brasileiros seminais, como Candido Portinari, Alberto Guignard, Lygia Clark e Adriana Varejão, foi cancelada pelo Santander Cultural, em Porto Alegre, e vetada pela prefeitura carioca no Museu de Arte do Rio (MAR), por ser considerada imoral por movimentos conservadores.
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Luiz Ruffato lança seu primeiro livro de contos 'A cidade dorme' em BHApós cancelar a Queermuseu, Santander será obrigado a realizar exposições sobre diversidade Museu de Arte do Rio veta 'Queermuseu' por decisão do prefeito'Só se for para o fundo do mar', diz Crivella sobre 'Queermuseu' no RioAllan Sieber expõe trabalhos marcados pelo punk no Restaurante do AnoBH receberá feira de arte moderna em maioCom o leilão de obras de arte realizado na escola no dia último dia 15, o montante chegou a R$ 900 mil, e a meta agora passou a ser R$ 1 milhão. O valor a mais será aplicado no ciclo paralelo de debates sobre temas ligados à diversidade sexual e no programa educativo da instituição.
"A campanha abrangeu um público muito variado: tivemos doações de R$ 20 a R$ 10 mil. A população se engajou porque a censura é contra todos", celebrou o diretor da EAV, Fabio Szwarcwald. "A comunidade artística se sensibilizou muito com a causa. Para o leilão tivemos as obras de 83 artistas". Foram vendidas 55 peças, de nomes como José Bechara, Raul Mourão e Neville d'Almeida, e Caetano Veloso fez um show.
Os recursos serão usados na reforma das Cavalariças, espaço do Parque Lage que servirá à mostra, de curadoria de Gaudêncio Fidelis, e na operação e montagem das 263 obras, de 85 artistas.
Não está descartada a possibilidade de a mostra ter classificação indicativa. No ano passado, à época do cancelamento pelo Santander e o veto unilateral do prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB) - bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus -, a mostra foi acusada de "promover a zoofilia e a pedofilia", e tachada de imprópria para menores..