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Luiz Ruffato lança seu primeiro livro de contos 'A cidade dorme' em BH

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Certo dia, o escritor Luiz Ruffato sentiu a necessidade de lançar algo inédito – seus últimos livros foram publicados em 2014: o infantil A história verdadeira do Sapo Luiz, o romance Flores artificiais e o de crônicas Minha primeira vez – e se deparou com vários papeis em uma gaveta. Era o começo do seu mais novo trabalho literário, A cidade dorme (Cia das Letras), sua primeira obra só de contos. “Quase todas essas histórias tinham sindo publicadas no Brasil ao longo de 15 anos. Eu estava sentindo falta de fazer algo novo. Quando me deparei com esses textos, vi que realmente funcionavam. A editora gostou e o resultado está aí”, comenta o autor mineiro, que participa nesta terça-feira (27) do projeto Sempre um Papo, lançando e conversando sobre a publicação.

Os 20 textos de A cidade dorme apresentam reflexões sobre o Brasil, as relações familiares e a memória. Ruffatto diz que o livro segue uma cronologia e uma trajetória que não deixa de ser a sua própria. As narrativas iniciam na sua infância em Cataguases, na Zona da Mata – onde nasceu em fevereiro de 1961 – e seguem para São Paulo, onde acabou fixando residência.

“O começo é na década de 1960, passa pela ditadura e caminha até a contemporaneidade. Em um determinado momento, o livro segue para um não lugar e um não tempo”, pontua.

Todos os textos são dedicados a alguém. Isso não significa que o homenageado tenha necessariamente algo a ver com a história contada. “Eles conversam, cada um à sua maneira, com as pessoas que estão na história. O conto que dá nome ao livro, A cidade dorme, por exemplo, eu dedico ao Heitor Ferraz Mello, um poeta que admiro profundamente. A narrativa foi escrita com se fosse um poema”, explica.

Ruffato diz que a ideia de batizar o livro com esse texto foi transmitir o conceito de que a cidade não é nada tranquila quando a noite chega. “A maioria das pessoas tem essa visão de que a cidade dorme e tudo também dorme e fica mais calmo.
E muita vezes ocorre o contrário. É justamente nesse período que temos mais violência, que acontecem coisas que não se falam, que não se conversam.”

Há textos bem curtos, como O homem que colecionava horas, e outros mais longos, como o que fecha a publicação, A alegria. Este aliás, é dividido em capítulos e, segundo o escritor, é o texto mais estranho e pessoal que já escreveu. “Ele não tem uma chave realista. É um conto suprarrealista, tem um pé no onírico, mas acho que, ainda assim, ele faz sentido dentro do meu trabalho”, acredita Ruffato, que mantém coluna semanal na edição brasileira do El País e venceu prêmios literários importantes: o Jabuti, o Casa de Las Américas e o Herman Hesse.

Ao longo dos meses, o escritor deve continuar divulgando este projeto, mas já está com um outro livro engatinhado: um romance. “Boa parte dele já está pronta, mas agora veem a fase mais complicada e que dá mais trabalho, reescrever. É com se fosse o acabamento-final de uma casa. O meu desejo é que seja lançado em agosto de 2019.
Mas vamos ver com será o andamento dessa ‘construção’.”

SEMPRE UM PAPO
Com Luiz Ruffato. Terça-feira (27), às 19h30, no auditório da Cemig (Rua Alvarenga Peixoto, 1.220, Santo Agostinho). Entrada franca.

 

• A CIDADE DORME
• De Luiz Ruffato
• Companhia das Letras
• 128 páginas
• R$ 39,90

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