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Estado de Minas

Bienal de Arte Digital investe em conexões entre tecnologia e a criação artística

Primeira edição da mostra em BH acontece entre 26 e 29 de abril, no Conjunto Moderno da Pampulha


23/03/2018 08:20 - atualizado 23/03/2018 09:07

(foto: Gustavo Baxter/ Divulgação)
(foto: Gustavo Baxter/ Divulgação)
 

Arte e tecnologia vêm caminhando juntas ao longo da história. Muitos colocam a arte digital como um braço da arte contemporânea. A criação da Bienal de Arte Digital, que ganha sua primeira edição em 2018, veio justamente colocar essa ideia sob outra perspectiva.

“A proposta não é colocá-la como parte da arte contemporânea, pois ela é moldada de outra maneira. Tanto que não fizemos o evento no formato tradicional de uma bienal”, comenta Tadeus Mucelli (Tee), curador do evento.

Nascida a partir do Festival de Arte Digital (FAD), criado em Belo Horizonte há 10 anos, a Bienal de Arte Digital foi realizada entre fevereiro e meados de março no Oi Futuro, no Rio de Janeiro. Agora, chega à capital mineira.

De segunda-feira (26) a 29 de abril, quatro espaços vão receber exposições, palestras e oficinas. A maior parte da programação estará concentrada no Conjunto Moderno da Pampulha – leia-se Museu de Arte da Pampulha (MAP) e Casa do Baile. Mas haverá desdobramentos na Casa Fiat, no Bairro Funcionários, e no Espaço Atmosfera, no Vale do Sereno.

Evento de longa duração como são as bienais, a intenção do projeto é estender a discussão sobre linguagens híbridas. Além da programação mais “cabeça” – com destaque para as palestras da professora e pesquisadora Lúcia Santaella, referência em semiótica, e da artista Giselle Beiguelman, um dos principais nomes em arte digital no país –, o público poderá descobrir esse universo por meio dos trabalhos selecionados para a mostra.

Vinte artistas – cinco convidados e 15 escolhidos pelo conselho curatorial – terão obras expostas no MAP, Casa do Baile e Casa Fiat. Um dos focos é a biotecnologia. Para tal, o evento trouxe ao país Ivan Henriques, artista brasileiro radicado na Holanda. No Rio, ele exibiu a instalação Caracol, que extrai energia limpa de bactérias. O projeto foi criado em 2015 junto a cientistas da Faculdade de Bioengenharia da Universidade de Gante, na Bélgica. Como a montagem é complicada e onerosa, em BH ela será vista apenas no formato documental.

Os 15 trabalhos selecionados passaram por um crivo e tanto. A Bienal, por meio de edital, recebeu nada menos de 675 inscrições. “Em 2007, quando fiz o primeiro FAD (que tinha caráter mais efêmero e começou como performance audiovisual), 70% dos trabalhos eram de estrangeiros. Agora, 45% dos inscritos são brasileiros. Isso só comprova que aumentou a produção em arte tecnológica, seja baixa ou alta tecnologia”, acrescenta Tee.

Com o FAD e agora a Bienal, Tee comenta que conseguiu formar um banco de dados com três mil obras. “Hoje, existem no Brasil festivais e mostras ligadas ao tema. Mas com a proposição de bienal, esta é a primeira.”

BH terá trabalhos que não foram expostos no Rio. Eles dialogam com fatos marcantes do Brasil dos últimos anos. Na Casa do Baile ficará exposta Barragem, de Nivaldo Godoy e Panais Bouki. O trabalho audiovisual nasceu a partir da tragédia de Mariana, causada pelo rompimento da barragem da Samarco, em novembro de 2015.

Odiolândia, de Giselle Beiguelman, que ficará no MAP, foi pautado pela cultura do ódio. A artista se inspirou em mensagens postadas contra nordestinos, sem terra e gays. A obra deve levantar uma discussão urgente para o Brasil contemporâneo.

 

Confira a programação completa:

 

Segunda (26)
10h – Abertura da exposição 
LED Painel. Espaço Atmosfera. Diariamente, das 10h às 18h
19h30 – Abertura oficial e inauguração da exposição Linguagens híbridas. MAP

Terça (27)
10h – Abertura da exposição 
na Casa Fiat. De terça a sexta, 
das 10h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 11h às 18h
10h – Fala inaugural, com Pablo Gobira. Casa do Baile
10h30 – Palestra “A condição disruptiva da arte contemporânea”, com Lúcia Santaella. Casa do Baile
14h – Simpósio Linguagens Híbridas. Com Liza Felicori (14h) e Juliana Viana (15h30). Casa do Baile

Quarta (28) 
10h – Abertura de exposição na Casa do Baile. De terça a domingo, das 10h às 18h
10h – Fala, com Alexandre Milagres e Sergio Basbaum. Casa do Baile
14h – Simpósio Linguagens Híbridas. Com Cleomar Rocha (14h) e Fernanda Duarte (15h30). Casa 
do Baile

Quinta (29) 
10h – Fala inaugural, com Marina Gazire e Giselle Beiguelman. Casa do Baile
14h – Simpósio Linguagens Híbridas. Com Tatiane Mendes (14h) e Fred Paulino (15h30). Casa do Baile2

Oficinas
Em abril, a Bienal de Arte Digital vai promover quatro oficinas gratuitas no MAP. Nos dias 2 e 3, das 14h às 18h, Alquimia Digital será dirigida a jovens e adultos. No dia 4, das 14h às 18h, em Laboratório Ciborgue, os participantes poderão manipular controladores e sensores de máquinas. Duas turmas poderão participar de Escrita Não-Criativa, em 5 e 6 de abril. No dia 21, crianças e jovens de 8 a 14 anos poderão participar do encontro Pensamento Computacional, sobre o universo da programação. Informações: bienalartedigital.com/inscricoes/

BIENAL DE ARTE DIGITAL

De segunda-feira (26/3) a 29 de abril. O evento terá como sede o Museu de Arte da Pampulha (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 16.585, Pampulha). Haverá programação na Casa do Baile (Avenida Otacílio Negrão de Lima, 751, Pampulha); Casa Fiat de Cultura (Praça da Liberdade, 10, Funcionários); e no Espaço Atmosfera (Alameda do Ingá, 16, Vale do Sereno). Programação completa: www.bienalartedigital.com 

 

Confira os destaques da mostra: 

 

>> ESPELHO SONORO
De Rodrigo Ramos (Brasil). 
Exposta no jardim da Casa do Baile

O artista sonoro faz nova leitura do dispositivo em desuso há quase um século. “Na Primeira Guerra Mundial, como não havia radar, os exércitos usavam localizadores sonoros para saber onde os inimigos estavam. Só que eram objetos gigantescos, cinco vezes maiores do que está na exposição”, comenta Rodrigo Ramos. Com a chegada do radar, os localizadores perderam a utilidade. Utilizando basicamente alumínio e PVC, o artista recriou os objetos. O público coloca um fone de ouvido e capta os sons de onde a obra está instalada. A captação pode ser ouvida, via streaming, no site www.espelhosonoro.com


>> MANIFESTO CONTRA A GRAVIDADE:
SOBRE O NASCIMENTO DOS ROBÔS
De Jack Holmer (Brasil). Exposta no jardim do MAP

Criada em 2016, a obra do paranaense é vista pela primeira vez no Brasil durante a Bienal de Arte Digital. As esculturas foram produzidas com 4 mil canudinhos de plástico (foto). Sensores colocados na instalação fazem com que as peças interajam com o público.
“Graças aos sensores de presença tirados do kit de robótica da Lego, quando uma pessoa se aproxima, as peças fazem um pequeno movimento, como se fosse um gif”, conta Jack Holmer. De acordo com ele, a instalação fala sobre a mudança de percepção dos humanos frente aos robôs. Um documentário acompanha a exposição, trazendo o processo de construção das peças. “No começo, peguei um modelo humano e o pendurei numa parede de escalada indoor. Escaneei o modelo em 3D, peguei aquele volume e levei para o computador. Meu desafio, depois, foi como voltar para a concretude”, explica.



>> IMPROVISO AMBULANTE
De Leandro Aragão (Brasil). 
Exposta no 2º andar do MAP

A improvisação é o tema do trabalho do 
artista mineiro, que reúne objeto 
(uma televisão móvel) e um documentário. 
“Ele construiu a obra a partir da reflexão 
sobre o improviso, sobre a ideia de que 
é algo ruim. Para ele, improviso é criatividade”, explica Alexandre Coelho, que integra o conselho curatorial da Bienal. A TV de tubo “anda” pela cidade. “A partir dela, Aragão criou documentário (foto)mostrando a recepção das pessoas 
frente ao objeto. No fim das contas, é um trabalho otimista, pois leva a pessoa a pensar 

sobre o improviso”, acrescenta. 

 


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