No Brasil, as imagens que a paulista Tarsila do Amaral (1886-1973) criou ilustram até jogos de quebra-cabeça em lojas de brinquedo e livrarias, mas nos Estados Unidos seu nome ainda soa desconhecido.
Com atraso de quase um século depois de ter pintado Abaporu, considerada a obra de arte brasileira mais valiosa, isso talvez mude um pouco a partir deste domingo (11), quando o Museum of Modern Art (MoMA) abre a exposição monográfica Tarsila do Amaral: Inventing modern art in Brazil.
Em cartaz até 3 de junho, a mostra, que se concentra no trabalho produzido por ela na década de 1920, é a primeira individual da artista apresentada por uma grande instituição cultural dos Estados Unidos. Mesmo para o MoMA, Tarsila é novidade. Um dos últimos esboços para a tela Figura só, de 1930, recém-doado ao museu, é o primeiro trabalho dela incluído na coleção do renomado museu.
A estreia de Tarsila em Nova York coincide com um marco histórico. Em 11 de fevereiro de 1922, foi aberta, no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna, na qual artistas e intelectuais apresentaram novas formas de expressão libertas da estética do século 19, regida pela tradição europeia, e abriram caminhos para a invenção de uma arte brasileira independente e moderna.
Tarsila não participou pessoalmente daquela manifestação, pois estava na Europa.
Porém, ao criar pinturas que transcrevem visualmente o discurso antropofágico, movimento cultural com maior destaque naquele período, ela se tornou uma das figuras principais na gênese e no desenvolvimento da arte moderna que a Semana de 22 preconizou.
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Cronológica e com abordagem temática, Tarsila do Amaral: Inventing modern art in Brazil exibe cerca de 130 trabalhos, entre pinturas, desenhos, cadernos, fotografias e documentos. A negra (1923), Abaporu (1928) e Antropofagia (1929), três das principais obras da paulista, formam o núcleo da exposição.