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O EM visitou a exposição 'Disruptiva', que atraiu grande público ao CCBB

Os irmãos Enzo e Emanuelle Ribeiro se divertem com 'Kage (Sombras)'. - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press

Já imaginou estar dentro de uma obra de arte ou até mesmo ter o poder de modificá-la? Pois é isso que os vistantes experimentam na exposição Disruptiva, em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na Praça da Liberdade. As cerca de 100 obras têm como proposta a interatividade entre as pessoas e a tecnologia. São trabalhos de arte eletrônica de autores de todo o mundo e integram o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), evento itinerante nascido em São Paulo, em 2000, que chega pela primeira vez a Belo Horizonte. A obras de arte eletrônica possibilitam ao espectador vivenciar experiências e sensações só possíveis graças à tecnologia.

Frequentadora assídua das exposições do CCBB, a professora de artes e cantora Zaika dos Santos, de 29 anos, quis conferir Disruptiva logo que ela foi aberta. Uma das obras que mais gostou foi Physical mind, em que os participantes deitam entre dois objetos infláveis que os erguem do chão e os espremem suavemente. “Parece que a gente vai relaxar, mas, pelo menos no meu caso, não foi exatamente isso que aconteceu. Cada corpo tem uma energia. Eu, particularmente, senti uma pressão, um peso sobre o meu corpo como se fosse a pressão que a gente sente no dia a dia.

Mas é interessante”, revelou.

 

 

Entre as obras de Disruptiva, Zaika destaca The flooor, em que os visitantes pisam sobre várias cores e produzem sons de diversos instrumentos conforme caminham. Ela também gostou de Swing, em que o público se senta em um balanço usando óculos 3D. O que as pessoas vêm varia conforme a intensidade do movimento do balanço, simulando um voo.  Zaika elogia a exposição, ressaltando a possibilidade de lidar com a sensorialidade. “É bacana tocar, sentir, não apenas contemplar”, diz, acrescentando que considera uma das melhores exposições que passaram pelo CCBB.

 

Neste primeiro fim de semana em cartaz, algumas obras apresentaram pequenas filas, o que não chegou a tirar o humor do público. “É rapidinho. E vale a pena. É muita novidade.

Nunca tinha visto algo assim na minha vida”, comentou Ingrid Janaína, de 34 anos. Ela e o filho, Nicholas Max, de 11, são de Barbacena, na Zona da Mata e aproveitaram os últimos dias de férias na capital para conferir a exposição. Nicholas adorou a “gangorra” como ele e muitos visitantes estão chamando a obra Swing. “Coloquei os óculos e parecia que eu estava voando. É bem alto. Mas não tive medo”, disse o garoto, que se esbaldou nos games. Ele contou que, também no CCBB, conferiu a exposição ComCiência, de Patricia Piccinini, em cartaz de outubro de 2016 a janeiro de 2017 e recorde de público (312 mil pessoas). As criaturas estranhas, mas surpreendentemente afetuosas, chamaram a atenção do menino.
“Achei legal, mas eram muito esquisitas.”

O Festival Internacional de Arte Eletrônica (File) é realizado pela primeira vez em BH. - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
PARQUE DE DIVERSÕES Evânia Ribeiro, de 28, levou os animados sobrinhos Enzo, de 6, e Emanuelle, de 4, para a mostra. À vontade, as crianças pareciam em um parque de diversões em sua primeira visita ao centro cultural. “O tema é muito fascinante. O digital invadiu nossas vidas e a garotada de hoje em dia é bem mais interativa. Se bobear ,sabem mais do que os adultos.”

Os dois aprovaram. Enzo comentou com entusiasmo sobre a obra Kage (Sombras). “A gente toca nas coisas e aparece uma barata, uma flor”, depois de tocar em cones coloridos que produzem imagens e diferentes figuras em movimento. Através da manipulação, o espectador forma sombras, cores e formas reconhecíveis.

 

A funcionária pública Sílvia Ferreira, de 33, achou fascinante a possibilidade de modificar uma obra de arte. Em Starry nigth (ou Noite estrelada), os fluxos de cores da tela original do pintor holandês Vincent van Gogh (1853-1890) ganham animação. Com isso, o espectador pode interagir com a pintura e alterá-la ao tocar.

“É fantástico. Quando é que eu poderia imaginar que ia ‘modificar’ algo do Van Gogh?”, brinca Sílvia entre risos.


Pedro Henrique Barbosa, de 27 anos, teve a experiência de se deleitar em uma praia sem sair de BH. A instalação multissensorial Be boy be girl envolve visão, audição e tato e leva o espectador a um lugar paradisíaco. Sentado em uma espreguiçadeira e com uma taça na mão, ele pode escolher na realidade virtual com qual corpo queria participar do experimento. “Achei interessante essa troca de me ver com um corpo de mulher nessa praia virtual. A gente ouve o barulho do mar, sente a brisa e até o calor. É muito interessante essa abordagem do virtual nas artes. Porque é algo que faz parte do cotidiano de todo mundo”, observou.

 

O casal Tacyanne Louise, de 22, e Caio Andrade, de 28, se divertiu na obra Shrink, que em inglês significa encolher. Os visitantes são embalados a vácuo como se fossem alimentos. “Estava empolgada com essa exposição e, já na entrada do CCBB, me deparo com essa obra inusitada.

Parece que a gente está sufocando, mas é só impressão. A gente não fica sem ar. Ela é muito mais legal do que aparenta”, garantiu. Já Caio explicou que, na verdade, ao longo dos minutos em que a pessoa fica dentro do plástico, o espaço vai se tornando menor. Pode ser um pouco aflitivo, segundo ele, para quem sofre de claustrofobia ou algo do gênero. “É curioso e nada convencional”, diz Caio, completando que a experiência é enriquecedora.


DISRUPTIVA
Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File). Até 19 de março, de quarta a segunda, das 10h às 22h. No CCBB BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários, (31) 3431-9400). Entrada franca.

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