Balanço: Após encolher nos últimos anos, mercado editorial se recuperou em 2017

Mercado tem no acumulado do ano 6% de crescimento no faturamento em relação ao último ano. Reginaldo Manzotti lidera lista de mais vendidos

Estadão Conteúdo

Padre Reginaldo Manzotti, o campeão de vendas no país. - Foto: Facebook/Reprodução

Depois de encolher mais de 20% em três anos, o mercado editorial brasileiro apresentou sinais de recuperação em 2017: os números ainda não estão fechados, mas, segundo o mais recente Painel das Vendas de Livros no Brasil, o mercado tem no acumulado do ano 6% de crescimento no faturamento em relação a 2016.

 

Quem mais vendeu livros no Brasil em 2017 foi o padre Reginaldo Manzotti, cuja Batalha espiritual ocupa o número 1 da lista de mais vendidos do ano do site PublishNews. Foi em 2017 também que a obra de Lima Barreto voltou a protagonizar discussões – com nova biografia, várias reedições e homenagem na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).


Pilar fundamental da intelectualidade brasileira, Antonio Candido morreu neste 2017, aos 98 anos, lúcido como sempre, e, segundo a família, um tanto decepcionado com os rumos do paísBrasil naquele já longínquo mês de maio. Ainda se aguarda a publicação de textos que Candido deixou, inéditos e reeditados.

 

 

O ano também teve a perda irreparável de Elvira Vigna, brasileira que vinha numa série de romances brilhantes, que, entre as camadas de narrativas sobre relacionamentos humanos, atacavam a linguagem para desvendar o Brasil dividido. Elvira partiu com um último toque de mestre – não revelou o câncer que lhe afligia há alguns anos para que a doença não afetasse convites a eventos e participações.


A literatura sofreu outras perdas: Angela Lago, John Ashbery, Sam Shepard, Lillian Ross, Tzvetan Todorov, Zygmunt Bauman e Ricardo Piglia.


Piglia havia terminado de editar a terceira parte dos seus diários, os três já publicados em espanhol: a editora Todavia publicou a primeira parte deles, Anos de formação: Os diários de Emilio Renzi, no segundo semestre. Outro livro da Todavia é O vendido, de Paul Beatty – o primeiro americano a vencer o Man Booker Prize, em 2016 (este ano viu outro americano levar o prêmio britânico, George Saunders). O romance é uma releitura satírica da segregação racial nos EUA.


Octavia Butler (1947-2006) também teve uma obra publicada pela primeira vez no Brasil, o romance Kindred, que conta a história de uma norte-americana transportada dos anos 1970 para o início do século 19, e encontra seus ancestrais.

NEGROS
2017 marcou o centenário de morte de Maria Firmina dos Reis, primeira romancista negra do Brasil e pioneira na literatura abolicionista (a PUCMinas reeditou Úrsula, seu principal romance).


Nos quadrinhos, a editora Veneta lançou o aguardado Angola Janga – Uma história de Palmares, de Marcelo D’Salete, que reconta, com o auxílio da ficção, a história do principal foco de resistência negra do Brasil Colonial. O ano marcou dois aniversários de 50 anos relevantes para a literatura: a morte de Guimarães Rosa, que teve sua ficção completa reeditada pela Nova Fronteira, e meio século da publicação de Cem anos de solidão, de Gabriel García Márquez, um dos romances fundamentais da América Latina do século 20. Com o centenário da Revolução Russa, 2017 viu também muitos lançamentos sobre a data.

CUNHAS O ano teve também, em meio a todo o debate sobre liberdade nas artes visuais, um processo judicial do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, contra Ricardo Lísias, por um livro de ficção (Diário da cadeia, que vinha assinado por Eduardo Cunha (pseudônimo).

O processo já transitou em julgado nos tribunais superiores, sempre a favor do escritor e da circulação do livro. Lísias agora aguarda o julgamento de uma ação sua contra o ex-deputado.


Na área digital, o inédito Censo do Livro Digital apontou que o segmento representa 1% do faturamento das editoras pesquisadas – a pesquisa agora se torna o marco inicial para uma série histórica. Augusto Cury e Dan Brown assinaram os livros de ficção mais vendidos no Brasil, seguidos de perto por Rupi Kaur, poeta que se consagrou no Instagram.


Sextante, Grupo Companhia das Letras e Intrínseca são as três editoras com mais livros na lista ao longo de 2017, de acordo com o PublishNews. E, já no fim de um ano tão complicado para os Estados Unidos, a The New Yorker viu um conto de ficção (Cat Person) viralizar e se tornar o texto mais lido da revista. 

 

Abaixo,  confira a lista com os dez livros mais vendidos de 2017: 

 

1. Batalha espiritual - Reginaldo Manzotti (Petra) 

 

2. Sapiens - Yuval Noah Harari (L&PM)

 

3. O homem mais inteligente da história - Augusto Cury (Sextante)

 

4. O poder da ação - Paulo Vieira (Gente) 

 

5. Origem - Dan Brown (Arqueiro)

 

6. Propósito - Sri Prem Baba (Sextante) 

 

7. Por que fazemos o que fazemos - Mario Sergio Cortella (Planeta do Brasil)

 

8. Felipe Neto - Felipe Neto (Coquetel)

 

9. Rita Lee - Uma autobiografia - Rita Lee (Globo Livros)

 

10. Ansiedade - Como enfrentar o mal do século - Augusto Cury (Saraiva)  

 

 

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