Exposição reúne 150 obras de Alex Flemming no Palácio das Artes

'Alex Flemming de CORpo e alma' será aberta nesta terça-feira (12). Trabalhos mostram versatilidade provocativa em diferentes linguagens

Pedro Galvão

Trabalhos que usam o nu são recorrentes nos 37 anos de carreira de Alex Flemming. - Foto: Divulgação

Produzidas ao longo de 37 anos, as 150 obras da exposição Alex Flemming de CORpo e alma são o maior conjunto de trabalhos já reunidos do artista para uma única mostra. “Vai ser minha maior exposição em toda vida, é uma honra muito grande expor em Belo Horizonte”, diz Flemming. A retrospectiva será aberta nesta terça-feira (12) na Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, no Palácio das Artes. Reúne peças de todas as fases da carreira do artista paulistano radicado na Alemanha e mostra a criatividade do pintor, escultor, fotógrafo e gravador, que transita por diferentes linguagens, sempre com a marca da ousadia e da provocação.


O expositor explica que o caráter da mostra é retrospectivo, fazendo um grande apanhado de tudo que produziu em suas quase quatro décadas de atividades artísticas. “Estou trazendo todas as séries que fiz, algumas em gravuras, outras em fotos, além de pinturas sobre superfícies não tradicionais, fotos sobre minhas próprias roupas e outros objetos”, explica.

Entre as séries, que incluem trabalhos sobre animais empalhados, poltronas, sofás e outros artefatos, Flemming destaca uma em especial, em que, segundo ele, o caráter político de sua obra é exaltado. “Uma das séries traz flying cards, que são tapetes voadores. É um trabalho completamente inserido na política mundial, é o meu comentário sobre o 11 de Setembro. Quis criar uma expressão que fosse o contrário do terrorismo, então criei um ícone plástico, em que uno o Oriente ao Ocidente de forma indissolúvel, com a silhueta de um avião com um dos símbolos do mundo muçulmano que é um tapete.

Com isso, quis dizer que somos um, somos iguais, parte da mesma moeda.”

Sempre transitando por temas sociais – as guerras –, ou cotidianos – a morte –, algumas das séries de Alex Flemming também exploram a nudez como objeto artístico. É o caso de Eros expectante, de 1980, que reúne 14 gravuras feitas a partir de nus femininos e masculinos. Diante da repercussão polêmica que a exposição Faça você mesmo sua Capela Sistina, de Pedro Moraleida, antecessora da sua no espaço, Flemming defende a liberdade artística e trata a nudez como algo natural.

 

“Acima de tudo temos que, com muita serenidade, ressaltar que arte é livre, com L maiúsculo, não pode ser censurada de forma alguma. Pessoas que se indignaram precisam entender mais a arte, aposto que 95% dessas pessoas que protestaram contra exposições nunca foram mais de uma vez a um museu, afirma o artista, defendendo a aproximação dessas pessoas com museus e espaços dedicados à arte. “Da mesma forma que não discuto cálculos de engenharia numa ponte, uma pessoa que não estuda arte não pode discutir o que é ou não é arte”, insiste o artista, dizendo que “a nudez faz parte da nossa natureza, somos feitos à semelhança de Deus, como as pessoas falam, qual o problema da nudez? Nenhum, por isso não acredito em ataques contra a exposição”.

 

Ainda sob um discurso pela tolerância e respeito às diferenças, ele enaltece outra de suas séries, em cartaz no Palácio das Artes, chamada Anjos e sereias. “Nela, presto homenagem às diferentes religiões, tem Iemanjá, Santa Cecília, o Anjo da Guarda, São Miguel Arcanjo. Da mesma maneira que a miscigenação, uma coisa importante no Brasil é a tolerância a todas as religiões. Nesse ponto sou um artista clássico, universal, gosto do que reflete a minha época, mas quero refletir a minha sociedade, a minha geração”, argumenta o responsável pelos 44 painéis em vidro na Estação Sumaré do metrô de São Paulo, com fotos de pessoas comuns, às quais sobrepõe com letras coloridas trechos de poemas de autores brasileiros, e pelas pinturas na fachada da Biblioteca Mário de Andrade, também na capital paulista. Esta última exalta a diversidade étnica no país.


ALEX FLEMMING DE CORPO E ALMA
Abertura nesta terça-feira (12), às 19h. Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400). De terça-feira a sábado, das 9h às 21h; domingos, das 16h às 21h. Entrada franca.

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