Fotógrafo Bob Wolfenson lança livro no projeto Sempre um Papo, em BH

Para ele, a seleção 'anárquica' de imagens, sem amarras cronológicas, é o diferencial do projeto

Mariana Peixoto

A atriz Alessandra Negrini em ensaio assinado por Bob Wolfenson. - Foto: Bob Wolfenson/Reprodução

Em seu epitáfio, se houver um, o fotógrafo Bob Wolfenson, 63 anos de vida e 47 de carreira, espera que esteja escrito “ele transitou, andou muito”. Sempre presente, a fotografia pode ser de moda, retrato, arte, publicidade. Mas é inegável que o viés mais conhecido, “a persona pública”, como o próprio define, está relacionado aos nus. Foi no auge da extinta revista Playboy que Wolfenson fotografou muitas das mulheres mais conhecidas (e desejadas) do Brasil.

Algumas dessas imagens estão presentes no livro Bob Wolfenson (Terra Virgem Edições), que traz o próprio a Belo Horizonte para participar do projeto Sempre um Papo, nesta sexta-feira, 24, no auditório da Cemig. São 58 fotos (entre nus, retratos e ensaios femininos), imagens de 1976 até 2017. A seleção coube ao editor Roberto Linsker, com texto de abertura do escritor Reinaldo Moraes, amigo de Wolfenson desde o curso de ciências sociais na USP, no início da década de 1970.

 

Gisele Bündchen, Taís Araújo, Luiza Brunet, Fernanda Torres, Juliana Paes, Rita Lee e Alessandra Negrini, entre muitas outras, povoam as páginas em imagens antigas (a de Brunet é dos anos 1980) e recentes (a de Taís é deste ano). Wolfenson é autor de vários livros, e o que ganha lançamento hoje foi o único em que ele não participou da seleção de fotos.

 

 

“Quando o Linsker começou a seleção, a intenção não era fazer um livro de mulheres. Mas dada a vastidão do meu acervo (ele estima ter 10 mil imagens editadas), quando ele viu estava escolhendo só fotos de mulheres.

O que gosto neste livro é ele ser anárquico. As imagens não são cronológicas, não há um tema”, comenta.


Todas as imagens, obviamente, tiveram que receber o aval das fotografadas. Algumas que fizeram nus para a Playboy não autorizaram e foram substituídas por outras – Wolfenson, claro, não revela quais. “Esse é um livro histórico. Não sei se hoje em dia existe espaço para esse tipo de revista. E vale dizer que o masturbador de plantão da Playboy não gostava das minhas fotos, pois elas não têm caráter sexista imediato, de uma mulher nua por aí. Sempre havia alguma coisa que se punha à frente, uma história, se formos falar de aspectos mais discutíveis das imagens, da objetificação da mulher”, afirma.

INSTAGRAM Próximo de completar 50 anos de carreira, Bob Wolfenson lida muito bem com as mudanças tecnológicas. Não é, nem de longe, um nostálgico da fotografia analógica. “Ela é coisa de jovem, velho não usa sistema analógico, pois dá muito trabalho. Agora, com a tecnologia, você precisa menos de técnica do que antigamente. Houve ainda a democratização da fotografia, com o Instagram. Uma quantidade enorme de gente fotografa hoje, mas nunca houve tantas fotos ruins”, comenta.

E o bom retrato, como ele acontece? “Acho balela esses sensos comuns de que o retrato capta a alma e de que foto boa tem que ser descontraída. O retrato é um encontro entre os desejos de todos (fotógrafo e retratado).

O importante é a confiança. Ela faz com que aquele momento seja um milagre”, conclui.

- Foto:

BOB WOLFENSON
. Fotos de Bob Wolfenson
. Terra Virgem
. 96 páginas

SEMPRE UM PAPO

Com Bob Wolfenson. Sexta-feira (24), às 19h30. Auditório da Cemig – Rua Alvarenga Peixoto, 1.200, Santo Agostinho. Entrada franca. O livro estará à venda no local por R$ 70 (12cm por 16cm) e R$ 250 (edição especial). Informações: (31) 3261-1501.

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