Castelo francês ganha traços da artista belo-horizontina Priscila Amoni

Iemanjá dá um toque brasileiro ao Chateau de Goutelas

Pedro Antunes/Estadão Conteúdo Márcia Maria Cruz
Quem passeia pela vila de Marcoux, no interior da França, encanta-se com as dimensões do Chateau de Goutelas.
Desde o início do mês, um dos símbolos mais reverenciados da cultura afrobrasileira está gravado nas paredes daquela fortaleza. As fachadas do castelo do século 16 receberam os traços da artista belo-horizontina Priscila Amoni, de 32 anos, que levou para lá Iemanjá, orixá das águas salgadas e da maternidade. Depois de um mês de trabalho, a obra será apresentada neste domingo (8/10) para a comunidade.

Obra da mineira Priscila Amoni agora faz parte do castelo francês erguido no século 16 - Foto: Priscila Amoni/divulgação
Em julho, Priscila pintou um dos quatro murais do projeto Circuito de Arte Urbana (Cura), no Centro de BH. Ele fica no Hotel Rio Jordão, na Rua Rio de Janeiro, e é considerado a maior tela a céu aberto da América Latina feita por uma mulher.

A mineira foi selecionada pelo governo francês para um programa de residência artística. “Convidamos de três a quatro autores, e a Priscila foi a primeira artista visual. É um lindo encontro dela conosco. Emerge do seu trabalho a força da mulher, do feminino”, afirma Sarah Wasserstrom, coordenadora do chateau.

Com o suporte do edital Circula Minas, Priscila ministrou oficinas de formação para crianças e adolescentes.

Na semana que vem, ela segue para Paris, onde fará um painel no 13eme, conhecido pelas empenas pintadas por Shepard Fairey, Borondo e Seth. “Com esse apoio, pude fazer vários contatos com artistas e galeristas de Paris”, conta.

NOVIDADE Depois de selecionada pelo governo francês, Priscila indicou o local onde gostaria de fazer a residência. “Escolhi o Chateau de Goutelas, porque vi o trabalho de Ella & Pitr, a dupla de street artists muito famosa, que adoro.” Ela conta que escritores costumam ir àquela região para escrever, devido à tranquilidade e silêncio. “Um artista visual é novidade para eles”, diz.

A partir da vivência no castelo, a mineira desenvolveu trabalho ligado às sensações e sentimentos que o lugar lhe suscitou. “Fiz uma intervenção na fachada interior, dentro da muralha. O chateau é uma muralha muito forte, mas está aberto por 24 horas e guarda uma paz enorme”, afirma.

A pintura de Iemanjá, carregando a planta espada-de-são-jorge, envolve duas fachadas e uma das torres. Priscila também pintou sete rosas no chateau.

Cercado por muralhas e localizado em uma região bucólica, o castelo foi aberto à visitação depois que passou a ser administrado pela comunidade. Depois de um período abandonada, a edificação foi transformada em centro cultural.

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