Evangélicos protestam contra exposição no Palácio das Artes

Estudantes defenderam a mostra de Pedro Moraleida e Polícia Militar foi chamada para evitar conflitos, nesta quinta, 5; manifestantes fecharam trânsito na Afonso Pena no horário de pico

Alessandra Mello

- Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press

Cerca de 30 evangélicos protestaram no começo da noite desta quinta, 5, contra a exposição de Pedro Moraleida - um dos artistas mais expressivos de sua geração, morto em 1999 aos 22 anos - e tentaram invadir a Grande Galeria Alberto da Veiga Guignard, do Palácio das Artes, na capital mineira, onde suas obras estão expostas desde 1º de setembro.

 

Temendo depredação das telas, os seguranças do Palácio das Artes fecharam a galeria e passaram a permitir a entrada de grupos de 10 pessoas, sempre sob supervisão. O grupo então fechou a avenida Afonso Pena por cerca de uma hora provocando enormes congestionamentos na hora de pico.

- Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.PressA Polícia Militar foi chamada para evitar tumulto já que um grupo de estudantes também se dirigiu à exposição para apoiar a permanência da exposição, que vem sendo alvo de críticas e pedidos de suspensão por parte do deputado estadual João Leite (PSDB) e do vereador Jair de Gregório (PP), ambos evangélicos.


O protesto contra a exposição foi liderado pelo pastor Leonardo Alvim de Melo, 38 anos. Ele conta que esteve mais cedo na exposição e ficou chocado com o conteúdo que, segundo ele, tem cenas de pedofilia, zoofilia e cristofobia. A obra também, segundo ele, desrespeita a Polícia Militar ao usar o símbolo da corporação em uma das obras.

“Esse movimento é contrário a essa arte chamada de moderna porque o que está lá dentro  pode se dizer que é arte, porque tem pintura, mas o que está exposta lá é pedofilia, zoofilia e cristofobia”, diz o pastor. O grupo cantava o Hino Nacional e gritava palavras de ordem contra a exposição, acusada de pornográfica, e pedia respeito às crianças. A exposição tem classificação indicativa para maiores de 18 anos.

A FAVOR Já o assessor parlamentar Gustavo Ribeiro liderava um grupo de cerca de 50 estudantes em defesa da exposição. “As obras do Moraleida foram feitas há quase duas décadas. São telas maravilhosas que correm o risco de serem depredadas por esses fanáticos que desconhecem o que é arte. Viemos aqui para garantir a permanência da exposição e lutar contra a censura de obras de arte”, afirma o assessor. 

 

Na segunda-feira, 9, está previsto um ato, em frente ao Palácio das Artes, com a presença de diversos artistas contra a censura e em defesa da exposição.

A assessoria de comunicação do Palácio das Artes lamentou o ocorrido e disse que o local tem tradição em receber todos os tipos de manifestação cultural , sem nenhum tipo de restrição e preconceito.

De acordo com a assessoria, a entrada para a galeria onde as telas estão expostas foi fechada e o acesso controlado para evitar risco de dano aos quadros.

 

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