Festival de Arte Negra traz Ellen Oléria, Zezé Motta e Elisa Lucinda

Na sua 9ª edição, o FAN será realizado de 15 a 22 outubro com cerca de 100 atrações de teatro, cinema, música e artes cênicas. Também haverá o mercado Ojá e o Ubuntu, encontro da diversidade religiosa

Márcia Maria Cruz
A poeta Elisa Lucinda, a atriz Zezé Motta e a cantora Ellen Oléria são algumas atrações do FAN - Foto: Montagem/Reprodução Internet

O protagonismo da mulher negra será o tema do Festival de Arte Negra, que acontece de 15 a 22 de outubro. A programação foi anunciada pelas curadoras Carlandreia Ribeiro, DJ Black Josie e Karu Torres, em entrevista coletiva no Teatro Francisco Nunes. Serão 100 atrações de música, cinema e arte cênica. “Cerca de 90% dessa programação terão o protagonismo feminino”, adianta Carlandreia.  

A  primeira cantora lírica negra brasileira, Joaquina Maria da Conceição da Lapinha, será a homenageada desta edição. Joaquina atuou em Portugal, na virada do século XVIII para o XIX. Em consonância com a homenageada, a abertura oficial, no dia 15, terá a apresentação de Áreas da Ópera Porgy and Bess, de George Gershwin, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. 

O empoderamento feminino, que ganhou espaço nos últimos anos em todo o mundo e no Brasil, foi um dos fatores que levam a mulher negra também para o foco do festival.  “É momento para celebrar e homenagear nossas ancestrais negras, as yabás e geledés. Foram elas que abriram os caminhos que nós, mulheres negras, percorremos até aqui”, pontua. 

A proposta durante o festival é mostrar como a mulher negra transcende o lugar de subalternidade na qual é colocada pela sociedade. “As mulheres negras são tanto mantenedoras de bens materiais, como dos bens simbólicos, do que constitui, filosoficamente espiritualmente, o sujeito.” Entre os principais nomes anunciados estão a atriz Zezé Motta, a cantora Ellen Oléria e a poeta Elisa Lucinda.  Haverá mostra de cinema no MIS Cine Santa Tereza.
Serão exibidas produções que tem a mulher negra como temática ou que foram dirigidos por elas.
DJ Black Josie, Carlandreia Ribeiro e Karu Torres fazem a curadoria da nona edição do FAN - Foto: Ricardo Laf/Divulgação
A curadora ressalta que o festival, além das apresentações artísticas, tem também o objetivo de abrir espaço para a reflexão. “As mulheres negras são vítimas de violência, de silenciamentos e da falta de isonomia no mercado de trabalho”, afirma. O protagonismo da mulher negra no Brasil é um dos temas das rodas de conversa. O debate será realizado no Sesc Palladium.  Participam das rodas de conversas  Alexandra Loras, Eliane Dias, Elisa Lucinda, Áurea Carolina, Vanessa Beco, Leda Maria Martins, Ana Maria Gonçalves, Maria Flor Guerreira – Pataxó. As mesas de literatura, artes visuais, filosofia serão no Centro de Referência da Juventude.
  
Durante o evento será realizado o Ubuntu, encontro da diversidade religiosa, com a presença de representantes de diferentes crenças ligados às religiões de matriz africana, católica, evangélica, muçulmana e judaica. No Ojá, mercado de trocas e saberes, reúne empreendedores de beleza, moda, artes plásticas e artesanato. No Fanzinho, a criançada poderá acompanhar apresentações teatrais e de música, além de leituras e oficinas de dança. As atividades estão distribuídas por espaços como Parque Municipal, MIS Santa Tereza, Teatro Marília e Centro de Referência da Juventude. 

 9o FESTIVAL DE ARTE NEGRA DE BELO HORIZONTE - FAN MULHER  
de 15 a 22 de outubro. Abertura dia 15, às 9h30 no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Programação completa no endereço  www.fanbh.com.br. A entrada é gratuita para toda a programação oficial. 
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