Profissionais de museus assinam carta de repúdio aos protestos no MAM

O diretor executivo do Instituto Inhotim, Antonio Grassi, foi um dos nomes que assinaram o documento que é contra 'toda e qualquer tentativa de proibir as legítimas atividades artísticas'

Estado de Minas

MAM recebe 'abraçaço' em apoio - Foto: Reprodução/Twitter

Nesta segunda-feira (2), um grupo de diretores, curadores e profissionais relacionados aos museus assinaram uma carta em repúdio aos protestos que pedem o cancelamento de mostras e performances realizadas em instituições museais do páis. 

 

O diretor executivo do Instituto Inhotim, Antonio Grassi, foi um dos nomes que assinaram o documento que se diz contra "toda e qualquer tentativa de cercear, constranger, desqualificar ou proibir as legítimas atividades artísticas que se desenvolvem no Brasil". 

 

O manifesto acontece após manifestações contra a performance do bailarino e coreógrafo Wagner Schwartz na 35ª edição do Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Na apresentação, o artista manipula um “bicho” de plástico (originalmente uma peça articulável de metal), colocando-se à disposição do público para ser igualmente articulado. As críticas, que se multiplicaram em publicações nas redes sociais, acusam o museu de ''incentivo à pedofilia''.

 

Confira o documento na íntegra:

 

"Carta pública de diretores, curadores e profissionais dos museus e das instituições culturais brasileiras.


Curadores e diretores de museus e instituições culturais brasileiras, em consonância com os princípios constitucionais de direito à diversidade, à liberdade de expressão e à prática democrática da cidadania, vêm em conjunto manifestar o mais absoluto repúdio pelas ações orquestradas contra espaços institucionais de arte, assim como a toda e qualquer tentativa de cercear, constranger, desqualificar ou proibir as legítimas atividades artísticas que se desenvolvem no Brasil, construídas responsavelmente pelas instituições culturais.


São notoriamente falsas as alegações de incitação à pedofilia e de apologia ao sexo nas obras ou nas exposições que têm sido objeto dessas ações.

 

Porque lidam com o universo do simbólico, do imaginário e do discurso, as práticas artísticas e culturais são fundamentais para o presente e para o futuro de sociedades calcadas na diversidade, no respeito e na educação. Limitar e impedir artistas, curadores e instituições é uma clara política de retrocesso face ao processo histórico que implantou um estado democrático de direito no Brasil.

 

Como bem definiu Mário Pedrosa, a arte "é o exercício experimental da liberdade" e é dentro de sua prática que resistiremos a esse trágico e obscuro momento no que se refere ao respeito mútuo e à garantia da liberdade de
expressão."

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