O diretor executivo do Instituto Inhotim, Antonio Grassi, foi um dos nomes que assinaram o documento que se diz contra "toda e qualquer tentativa de cercear, constranger, desqualificar ou proibir as legítimas atividades artísticas que se desenvolvem no Brasil".
O manifesto acontece após manifestações contra a performance do bailarino e coreógrafo Wagner Schwartz na 35ª edição do Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). Na apresentação, o artista manipula um “bicho” de plástico (originalmente uma peça articulável de metal), colocando-se à disposição do público para ser igualmente articulado. As críticas, que se multiplicaram em publicações nas redes sociais, acusam o museu de ''incentivo à pedofilia''.
Confira o documento na íntegra:
"Carta pública de diretores, curadores e profissionais dos museus e das instituições culturais brasileiras.
Curadores e diretores de museus e instituições culturais brasileiras, em consonância com os princípios constitucionais de direito à diversidade, à liberdade de expressão e à prática democrática da cidadania, vêm em conjunto manifestar o mais absoluto repúdio pelas ações orquestradas contra espaços institucionais de arte, assim como a toda e qualquer tentativa de cercear, constranger, desqualificar ou proibir as legítimas atividades artísticas que se desenvolvem no Brasil, construídas responsavelmente pelas instituições culturais.
São notoriamente falsas as alegações de incitação à pedofilia e de apologia ao sexo nas obras ou nas exposições que têm sido objeto dessas ações.
Porque lidam com o universo do simbólico, do imaginário e do discurso, as práticas artísticas e culturais são fundamentais para o presente e para o futuro de sociedades calcadas na diversidade, no respeito e na educação. Limitar e impedir artistas, curadores e instituições é uma clara política de retrocesso face ao processo histórico que implantou um estado democrático de direito no Brasil.
Como bem definiu Mário Pedrosa, a arte "é o exercício experimental da liberdade" e é dentro de sua prática que resistiremos a esse trágico e obscuro momento no que se refere ao respeito mútuo e à garantia da liberdade de
expressão."