Ballet Jovem de Minas Gerais apresenta três novas coreografias no Teatro Bradesco

Dificuldades enfrentadas pela trupe foram incorporados à dança

Pedro Antunes/Estadão Conteúdo Cecília Emiliana
Dois anos e meio depois de se desvincular do Centro de Formação Artística e Tecnológica da Fundação Clóvis Salgado (Cefart), o Ballet Jovem de Minas Gerais resiste.
Hoje e amanhã, o grupo se apresentará no Teatro Bradesco. São três novas coreografias e os momentos difíceis pelos quais a trupe passou foram incorporados à dança.

- Foto: Ballet Jovem/divulgação
Tex, assinada por Leandro Belilo, diretor da Cia. Fusion de Danças Urbanas, tem o título retirado da palavra marmitex. Ele se inspirou tanto nos episódios ocorridos durante a crise com o Cefart quanto na dura vida de artistas no Brasil. Mesclou dança de rua, sua especialidade, ao balé clássico.


“O bicho está pegando não só para o Ballet Jovem, mas para a cultura como um todo. Pensei: não vamos fingir que está tudo bem, bora falar disso. Por que não?’ O marmitex é um bom símbolo desse cotidiano sem glamour que a gente vive atrás das cortinas.

E das cenas cruas da trajetória da trupe que eles me relataram, como aquela em que tiveram suas coisas retiradas do Palácio das Artes e jogadas dentro de uma caçamba”, explica Belilo.


Revertério recorre à linguagem da dança de salão. A criação é de Jomar Mesquita, diretor da Mimulus Cia. de Dança. “Trabalhei com os bailarinos os fundamentos da dança a dois, a conexão com o par. Com isso, procuramos falar do revertério que houve na história do Ballet Jovem, assim como da maneira vitoriosa como eles sobrevivem”, descreve Mesquita. Pragmático, de Alessandro Pereira, propõe uma discussão sobre racionalidade, sentimento e liberdade.


“Foi muito bom poder manifestar tudo o que a gente sentiu desde o rompimento com a Fundação Clóvis Salgado. Não conversávamos sobre isso desde 2015. De quebra, mergulhamos de cabeça não só nisso, mas no contexto de beleza e sobrevivência em que se equilibra a cultura brasileira neste momento”, ressalta o bailarino Guilherme Rocha Gomes, de 21 anos.


Depois de se desligar da Fundação Clóvis Salgado, há dois anos, o grupo tem funcionado por meio de parcerias. “A maior parte das pessoas que trabalham conosco o fazem porque acreditam em nós. Ano passado, pagamos para o Alessandro Pereira, coreógrafo da nossa estreia, um valor simbólico, arrecadado por financiamento coletivo. Este ano, finalmente, conseguimos recursos por meio da Lei Municipal de Cultura e foi possível convidar coreógrafos. Mas eles toparam trabalhar por um valor muito abaixo do que se paga no mercado”, conta Tiça Pinheiro, assistente de direção da companhia.

 

BALLET JOVEM DE MINAS GERAIS
Coreografias Tex, Revertério e Pragmático. Terça (19/9) e quarta-feira (20/9), às 20h30.

Teatro Bradesco. Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. R$ 10 (inteira) e
R$ 5 (meia-entrada). Informações: (31) 3516-1360

 

 

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